quinta-feira, 21 de janeiro de 2010

Obrigado Ricardo

Ricardo, esta é para ti:


Já te estou a ver a sair de casa (onde moras? não interessa, vou assumir que é ali pelas bandas de Alcântara, porque a corrida matinal com uma névoa ribeirinha confere à cena todo um lado épico que me dá jeito), zangado com o mundo, o sol ainda a dormir e o frio nos ossos. Corres com o Rio Tejo - o único que te percebe verdadeiramente - ao teu lado por alguns momentos, até que, a dada altura, ouves a voz da névoa dizer-te "Vai, Ricardo". E tu vais; vais por ali fora, mas escolhes subir pela rua do Alecrim, porque entendes que mereces sofrer nos gémeos as consequências da tua irascibilidade. Passas pela Igreja do Loreto, para a qual olhas de esguelha, em busca de aprovação da tua expiação, e segues rumo à Rua do Ouro, que te faz lembrar os teus tempos áureos de pugilato contra homens de farto bigode.

Chegado aos Restauradores, começam-se a juntar os primeiros, que simpatizam com a tua causa. São sobretudo benfiquistas, que te querem agradecer não só pelo bilhete que mandaste no Artur Jorge, mas também pela mais recente picardia com aquele brasileiro sub-nutrido de que ninguém gosta. Sobes a Avenida da Liberdade, indiferente à multidão que te empurra sem mãos e, ao entrares no Marquês, dás duas voltas, simulando a conquista de um título de campeão nacional enquanto apelas, ao mesmo tempo, à compreensão do leão da estátua para os teus actos irreflectidos. Estimulado pelo efeito que a luz do sol, acabado de nascer, tem na folhagem e no farto relvado do Parque Eduardo VII, galgas a Fontes Pereira de Melo (cá estou eu, à janela, a incentivar-te; que se lixe, visto à pressa o equipamento que trouxe para ir ao ginásio e junto-me a ti), passas o Saldanha, e atravessas (atravessamos!) os Campos: primeiro o Pequeno, onde te recordas das inúmeras touradas a que assististe em Espanha enquanto estavas suspenso; depois o Grande, com cada vez mais pessoas a juntarem-se à tua corrida, a partilharem do teu sofrimento, e também tu sentiste a passagem, também tu te sentes maior, quase Grande.


Já em extâse, ao atravessares (ao atravessarmos!) a estação de metro do Campo Grande, não resistes a esmurrar um par de transeuntes que ousaram seguir a sua trajectória rotineira rumo ao metro sem te abrir passagem. Chegado (chegados!) a Alvalade, qual filho pródigo, sobes as escadas do Alvaláxia, degrau a degrau, aproveitando cada momento daquela escalada, para depois chegares lá acima, ao cume da tua montaha, e te virares para o Campo Grande, braços no ar, todo tu catarse, sangue suor e lágrimas (e uma ou outra bolha), com a multidão - na qual eu, já arfante, orgulhosamente me incluo - em total apoteose. Nesse momento, e nesse momento apenas, percebeste que não és tu que estás errado, o resto do mundo é que não parte para a porrada só porque as batatas a murro, de que tu, ironicamente, tanto gostas, não ficaram bem assadas, ou porque o Rui Patrício é fraquinho.

4 comentários:

Galiano disse...

como eu te compreendo ricardo...

Morales disse...

lolololol

Genial!

Anónimo disse...

sim mas o liedson n deve ser nenhum inocente.
aquele arzinho de brasileiro pandula cheio de engates a fazer frente a um superior deve irritar pa caraças

Anónimo disse...

pior só o atrasado mental do superior ke nunca na vida foi grande jogador e acha ke foi um figo ou um rui costa. o patricio é uma merda mas todos os jogadores falham e são coisas normais do jogo, um "superior" ir lá mandar vir no fim é ke não é normal, é de atrasado mental. o liedson devia era ser capitão daquela merda de equipa já ke o moutinho deve ter posto o rabo entre as pernas e fingido ke nada aconteceu como é apanágio desse paneleiro. de qualquer maneira resolvia-se esse problema se mandassem o liedson para o vizinho da 2ªcircular...