quinta-feira, 27 de novembro de 2008

Ensaio sobre a cegueira





O Mali é um dos países mais pobres do Planeta. Tem, nas suas regiões mais a sul, as áreas de maior actividade humana, já que o Norte do país faz parte do deserto do Saara. É nestas regiões, mais precisamente nos vales dos rios Senegal e Níger e seus afluentes que, por exemplo, a agricultura, o mais importante sector económico, é praticada por mais de 80% da população activa com o objectivo de assegurar a subsistência. Os esforços governamentais para a evolução deste sector têm sido infrutíferos, devido aos constantes períodos de secas, bem como ao baixo nível de tecnologia disponível. A indústria também não se encontra em melhor estado, pois baseia-se em pequenas empresas de transformação de produtos agrícolas, como o arroz ou o algodão.

Os meus ouvidos, sobretudo o esquerdo - o direito está-se um bocado a borrifar e quer é ouvir música, porque os headphones que os aconchegam em casa teimam em funcionar apenas do seu lado canhoto (está mal habituado, o ouvido esquerdo, diria alguma voz austera) - discordam veemente da Wikipedia, e mais, fizeram questão, sobretudo o esquerdo, assim que o sistema nervoso central - a porteira de qualquer ser humano - se encarregou de lhes fazer chegar a informação, que ficasse escrito neste blog que um país que tem disto ou disto, só pode ser um país rico comó caraças - o meu ouvido, sim, o esquerdo, é um bocado brejeiro, peço desculpa.

segunda-feira, 24 de novembro de 2008

Hovering around

"Onde é que estás? Não se ouve nada."
"Algures no Atlântico."
"Atlântico?O que é isso, um hotel?Vai para um sítio com rede."
"Atlântico, o oceano."
"Deixa-te de parvoíces, que eu sei que estás no escritório. Mas que barulho é esse de água, estás na casa de banho?"
"Já te disse, estou no Atlântico, e o barulho de água é das ondas que me batem na cara e a voz despida é da espuma que me inunda da cabeça aos pés."
"Pára de gritar que as pessoas aí no trabalho devem estar a achar que és louco, e vai para um sítio com rede!"
"Não consigo, não me importo e não vou, aliás isto nem depende de mim, só paro quando o meu amigo disser, ou melhor, quando deixar de dizer."
"Mas qual amigo? Perdeste a cabeça."
"O Benjamin Gibbard."
"Não tens nenhum amigo com esse nome..."
"Claro que tenho, é o vocalista dos Postal Service e dos Death Cab for Cutie."
"Vocalista de quem?Não se ouve nada...e tu não tens nenhum amigo cantor!"
"Desculpa, mas agora não posso falar mais, que eles querem voar mais rápido. Se continuo com esta conversa ainda os perco, e isso não pode acontecer de maneira nenhuma porque eu não sei o caminho. Falamos à noite."
"Zé Maria? Que grito foi esse?"

Com este céu metálico-melancólico na janela, e um frio - entrado pelas aberturas da minha camisa - que se cola à pele e dá a sensação que também nela se forma a geada, Death Benjamin Gibbard nos ouvidos equivale a um bilhete low-cost na cabeça.

sábado, 22 de novembro de 2008

The perfect excuse for running late

Manoel de Oliveira dá nome a comboio

Melhor, melhor, só se desse o nome ao TGV. Era o chamado falso lento.

sexta-feira, 14 de novembro de 2008

To: Harry Potter

If you're a wizard, then why do you have to wear glasses?

Liars


Dos melhores nomes de música - e frases - que por aí andam.

quarta-feira, 12 de novembro de 2008

Tarda nada vem em verso

Definição de cor-de-rosa, de acordo com o dicionário da Priberam:

adj. 2 gén.,

de cor vermelha desmaiada;

Nunca pensei que um dicionário pudesse ser poético. E porque é que procuravas o significado de cor-de-rosa num dicionário, perguntam vocês? Contrabalançava o excesso de masculinidade da minha pessoa, that's all.

Conclusões



Retiram-se duas coisas dos Contemporâneos:

- Umas quantas - cada vez mais - gargalhadas (how catchy).

- Um atestado da estupidez do português comum, se não mesmo do Homem comum. É constrangedor e ao mesmo tempo elucidativo assistir aos interrogatórios públicos levados a cabo pelo Bruno Nogueira.

Explica muita coisa: for starters, a necessidade, talvez portuguesa, talvez não, de formar opinião sobre o que quer que seja, sem o mínimo de trabalho de investigação e reflexão, como se ter opinião fosse uma prerrogativa fundamental e inalienável com trejeitos de dever social. Tem-se opinião sobre o assunto "x" porque sim, "na medida em que é assim" que o opinador vê as coisas, e porque ter opinião sobre o assunto, por mais superficial e aleatória que seja, sempre é uma primeira capa que mascara uma ignorância latente, mas que al fin y al cabo vai-se a ver e é ainda maior do que se pensava; mas infelizmente, não nos ficamos por aqui, bom era. No prato principal, temos a tendência vérmica para dizer mal dos políticos. "A quem é que deixava a torneira da casa de banho aberta para inundar a casa?", pergunta-se, para obter como resposta irritantemente automática e mecânica: "Ao José Sócrates e ao Cavaco"; e para sobremesa, já refastelados com tanta estupidez e primitivismo, vem uma taça com uma bola de racismo e outra de xenofobia, por vezes regadas, como não poderia deixar de ser, com uma capa que mascara o conteúdo, porque verdade seja dita, sentimentos desse género podem ter-se, mas não podem dizer-se, a menos que se façam acompanhar de uma gargalhada explicativa, que no fundo significa "eu só estou a dizer isto porque é na brincadeira, hehe".

E já agora, vejam este vídeo com a janela minimizada. Inacreditável, sobretudo o último minuto.

quarta-feira, 5 de novembro de 2008

Geniale

Então Alessandro, que é que vais fazer hoje?

Vou só ali ao Barnabéu marcar um golo de canhota e outro de pé direito, estou algo aborriccutti.

segunda-feira, 3 de novembro de 2008

Mais oui, ça c'est jolie, comme le chien

- Bienvenue chez les Ch’tis

- Le diner de cons

- Les invasions barbares

Bom, bom, bom. Vão ver, vão ver, vão ver.

E na onda de rapidinha cultural, passemos à música:

- Fat Freddy's Drop

- Joan as Police woman

- Los Campesinos

Bom, bom, bom. Vão ver e ouvir, vão ver ouvir, vão ouvir.

Meio Golo de Palavra



Estimado Pablo,

Trato-te por tu, por saber que assim manda o costume na latina pampa húmida que teve o prazer de te ver nascer para o futebol e para a vida. Confesso-te, porém, que mais gostaria de tratar-te por Usted, assim, com maiúscula e tudo hombre, ou melhor, Hombre.

Como deves calcular, bem e para não variar, a julgar pela precisão pornográfica dos teus passes, rectius (perdoa-me o tique de jurista, vã tentativa de dar mais brilho à coisa), meios golos, dizia eu, como deves calcular, por esta altura exponho o motivo que me leva a escrever-te - pois bem, escrevo-te, em primeiro lugar, para te avisar para teres cuidado, e também para te agradecer.

Estranhas certamente o intróito da exposição de motivos, sobretudo se já reparaste no vídeo que vem acima, mas não te sobressaltes, que eles estão relacionados.

Tens de ter cuidado Pablo. Certamente que na Argentina e talvez também em Espanha, as gentes estão habituadas a obras de arte como a que fizeste ontem, mas por terras lusas, os passes de letra não podem ser feitos de um meio-campo para o outro. Ainda para mais, com a crise que atravessamos, o desconhecido, ainda que genial, atormenta muitas mentes, deixa-as confusas e baralhadas, já para não dizer inseguras e frustradas, perante tamanha demonstração de qualidade, apenas ao alcance de predestinados como tu.

Passes de letra, de um meio campo para o outro e que ainda por cima dão golo? Já se viram motins causados por menos. Bem sei que não tens culpa de ter o Suazo na equipa, mas olha que o que fizeste ontem, nesta terra onde os brandos costumes convivem - como seria de esperar, tal é a brandura -indiferentemente com a mesquinhez, dá direito a uns quantos olhares de esguelha e a três ou quatro boatos infundados sobre a tua vida pessoal.

Verdade seja escrita, o que tu tiveste o desplante de fazer ontem em pleno Dom Afonso Henriques não foi um passe de letra. Passes de letra têm um limite de 5, vá, 6 metros. A partir dessa distância, a pouca gente conhecedora da existência do que tu fizeste ontem é unânime em afirmar que não se trata de um passe de letra.

E o que será, então, perguntas-te, e a mim, indignado? Caro Pablo, o que tu fizeste ontem foi um passe de Palavra, que a ínfima parte do teu Génio posto ontem naquele passe, é grande demais para caber numa simples letra, merece o epíteto de Palavra. E de passe também tem pouco, parece-me mais correcto apelidá-lo de meio golo, se achares bem, claro. Meio Golo de Palavra, portanto. Ou Palavra de Meio Golo. Visto o vídeo, julgo ir dar ao mesmo.

E é por essa razão que te agradeço. Gracias Pablito, por me teres mostrado o que é um Meio Golo de Palavra, e por me teres feito ver que (o teu) Génio é demasiado extenso para caber numa simples letra.

Espero que tenhas um óptimo dia de anos - fazes anos hoje, até aqui conseguiste surpreender-me. Vê lá se percebes que não és tu que nos dás presentes, mas o contrário.

É verdade, também te queria dizer isto: se fores hacia Las Brasitas, pede o petit gateaux - não tem nada de argentino, mas talvez fiques a perceber os sentimentos que provocas nas pessoas - messi incluído - quando resolves acarinhar o esférico como si fuera tu hijo.

Un cordial saludo,
Rosé Mari Júdice

domingo, 2 de novembro de 2008

Ah, grand'azar



16:30 - Porreiro, daqui a meia hora começa, se bem que não percebo por que é que estou a ver isto. Só por um milagre é que o Hamilton não acaba em 5º, mas pronto, é domingo, não há bola, a ressaca não permite grandes leituras, tolera-se.

16:45 - Chuva? Se calhar isto ainda vai ter alguma graça...

17:20 - Hamilton em 6º? É uma questão de tempo.

17:40 - Hamilton em 5º. Pronto, acabou-se a papa doce, como me diziam quando era miúdo. Não percebo o que é que leva alguém a ver uma corrida do princípio ao fim. Só estou a ver isto porque estou de ressaca. Não admira que a F1 esteja em crise. Impropério impropério impropério. Já passavam era mais imagens do paddock da McLaren.

18:20 - Hamilton em 4º. B-O-R-I-N-G.

18:30 - Hamilton em 5º. Boring nonetheless. Mas este Vettel, apesar de ter nome de marca de skis, sim senhor.

18:35 - Imagens do paddock da McLaren. "Grande pacote. Mas quem é que disse pacote Mariana? Paddock, paddock."

18:45 - Hamilton em 6º. Um formigueiro começa a percorrer-me o corpo, os olhos arregalam-se ligeiramente em direcção à televisão e um valente "Tu queres ver?" forma-se na Suiça da minha cabeça, neutral em relação à Battle for Middle Earth que decorria em simultâneo no interior da mesma, com ligeira vantagem para os ogres e respectivos cacetes.

18:51 - Última volta. Pareço que estou a ver o Bayern - Manchester da final da Champions de há uns anos atrás, tal é a euforia. Massa acaba em 1º, não acredito, vai ser campeão, o Vettel não desarma, e não pode haver nenhuma daquelas intrujices típicas, de pés de companheiros de equipa súbita e momentaneamente avessos ao acelerador. Adoro a Formula 1, que espectáculo de desporto!

18:52 - Ferrari festeja em peso, Massa é campeão do mundo, Interlagos está ao rubro. Aquela Nicole Scherzinger é mesmo otária, está a festejar porquê? Hamilton em 5º? Como é que é possível, se o Vettel acabou à frente dele? Deve ter havido algum erro informático, só pode. O quê, aquele gajo com nome de pistola foi ultrapassado na última volta? "Tu queres ver?, faz favor de sair que o ah, grand'azar, quer entrar".

A probabilidade de futuras sinergias entre a Ferrari e o Sporting aumentaram exponencialmente. Aproveitem, ragazzi.