segunda-feira, 11 de janeiro de 2010

O chão no paraíso

O chão nem sempre é firme. Mas o paraíso é evidente; e sendo-o, não há como não andar. Solução possível seria ficar parado, observando, sob o mesmo eixo, tudo o que o olhar alcançasse; possível, mas no fundo impossível, porque meramente teórica. E teórica por uma razão: o que o olhar alcança permite concluir que muito mais se esconde para além desse horizonte óptico, conclusão que torna impossível a solução que, em teoria, seria possível. Se o paraíso fosse finito e lhe conhecessemos as paredes, os cantos e os recantos, a história era outra. Mas não, este paraíso é grande pa burro; tem curvas e contracurvas, planícies e relevos, céu e subsolo. E se houver muros, colinas, montes ou montanhas, conquistam-se - o prazer não está só na subida; está na subida, na vista que se tem do cume e na descida vertiginosa que se lhe segue.

O chão nem sempre é firme, e correr a olhar para o chão é um desperdício de tudo (para além de que faz mal à coluna). Mas para isso é que servem as mãos. E lá vou eu a correr, desenfreado por aí fora, com o medo nas costas, um olho no paraíso e outro em ti (os dois olhos em ti).

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