terça-feira, 19 de janeiro de 2010

Os bastidores dos presentes

Para mim, o importante não são os presentes. Valorizo muito mais o discurso que vem com ele. Mais do que o presente propriamente dito, o que gosto mesmo é do que se esconde atrás do presente. Chamemos a isso os bastidores do presente: saber por que carga de água é que a pessoa que mo oferece achou que eu ia gostar e / ou precisar dele; as atitudes em mim que denunciaram esse gosto e / ou necessidade; as aventuras e desventuras do processo de compra / preparação.

E prefiro os bastidores ao próprio presente, por uma simples razão: se os bastidores forem bons, o presente está condenado ao sucesso, quanto mais não seja ao sucesso da menção honrosa, que sempre é qualquer coisa. Quem achar que o presente é tanto melhor quanto mais utilidade proporcionar ao presenteado, certamente discordará de mim; já eu, prefiro pensar que o presente é tanto melhor quanto mais pensado for para essa pessoa. Apetecia-me completar a última frase com um "e quanto mais trabalho der a preparar / comprar". Ficaria assim: "prefiro pensar que o presente é tanto melhor quanto mais pensado for para essa pessoa e quanto mais trabalho der a preparar / comprar". Não que concorde com a última premissa, simplesmente abria espaço para uma piada extremamente interessante e divertida, que envolveria a minha preferência por uma sanduíche de leitão comprada na zona envolvente ao muro das lamentações relativamente a um Aston Martin comprado num stand em plena Lisboa.

Cutting things short, o que eu quero tu sabes (é para ser lido da mesma maneira javarda que a sua frase-prima, «o que tu queres sei eu»).

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