sábado, 9 de fevereiro de 2008

Da reflexão

Chego à conclusão que a infelicidade é condição indispensável de qualquer reflexão, maxime da introspecção. Faz todo o sentido: só quando estamos tristes é que precisamos de encontrar soluções - mais do que isso, justificações - para os nossos problemas, para além de, nessa situação, nos encontrarmos num inevitável estado de espírito filosófico e contemplativo, rodeados de uma aura de revolta, estado de espírito esse que se instala apenas em mentes desanimadas e cabisbaixas. É esquisito, o gajo.

Só o verdadeiramente infeliz, aquele que faz ponto de honra em sê-lo, por ter medo de sorrir, é que, mesmo quando está feliz, precisa de encontrar razões para estar assim, como se não fosse digno de tal bênção divina. E então, ainda mais fugaz se torna esse sentimento.

Caso contrário, quando se está feliz, a tendência é para uma letargia tal, um doze off de tal ordem, que não há tempo, nem vontade, para grandes reflexões. Daí, até concluir pela enorme neura em que homens como Kant, Descartes, Hegel, e sobretudo o trombudo Nietzsche, certamente viviam, é um passo. E ainda bem, bem hajam os trombudos, porque deles é o reino dos pensamentos.

Adoro falar sobre coisas vagas. É a mesma coisa que abrir a mão, agarrar um bocado de ar e dissertar interminavelmente sobre o que dentro da minha mão se esconde. Quase tão interessante, albeit not as schizophrenic, como falar da ASAE. Loses by an inch.

A única coisa que me inquieta é estar neste momento a reflectir, encontrando-me eu, acreditem, para lá de muito impecável. Tramado, o paradoxo. Por causa das tosses, o melhor mesmo é deixar de reflectir. Xixi. Cócó. Já está. Back to good old numb happiness.

4 comentários:

Lourenço disse...

perene zé maria? eu sei que é irritante, mas tenho a desculpa de estar a estudar o que faz com que one venha mais ao computador e por aqui se queira entreter que habitualmente
abraço!

rosé mari disse...

nada irritante, era uma calinada de todo o tamanho. só quem acha que sabe tudo é que não aceita ser corrigido.

mas já agora, bom estudo, que eu vou me entregar aos prazeres da comida e bebida hehehe

Lourenço disse...

ah isso tambem eu, alias este estudo diurno é para que a minha consciencia me deixe ir cavalgar pela noite. nos veremos então, se os teus olhos ainda estiverem abertos..

El-Gee disse...

Concordo muito com o que dissestes, os meus cadernos da vida (nao curto chamar-lhes diarios) estao cheios de amargura. Porque, geralmente, as coisas boas nao me levam a escrever. Agora, mais, por acaso, mas continuo a concordar contigo: quanto mais tristeza, mais reflexao.