quarta-feira, 2 de maio de 2007

Més que una noche

Cheguei a medo. Sento-me, são 7 da tarde, numa esplanada nas costas da Boqueria com sotaque portuense, vinho branco (com gelo) e cervejas. O sotaque, esse, foi conquistado por um gajo que começa a ganhar contornos de grande amigo. A conversa é de circunstância, acompanhada das habituais trocas de galhardetes Lisboa-Porto (no meu caso, genuínos) e daquelas conversas que se têm mas não nos lembramos depois. Fala-se de política, misturam-se umas quantas histórias, e as gargalhadas começam a sair, porque com esta companhia era difícil não o fazer, quanto mais não fosse pelo sotaque com toques, dizia eu, de vimaranense.

Saí com vontade. De ir ver a Champions - mais uma desilusão futebolística - e de voltar a juntar-me a esta malta, que continuou a dar o barulho que faltava à Boqueria, silenciada pelo feriado, enquanto me afastava de bicicleta, rumo à Gracia.

O suposto ponto de encontro com eles, depois do jogo, era a Cerveseria Catalana, que não o foi, dando lugar à Ciutat Comdal, onde mais uma vez fui recebido ao som de uns quantos oube lá. Agora já sabia ao que ia, e queria ir. A conversa começava a ser mais aberta, e as histórias mantinham-se, quase sempre com a mesma protagonista, uma gaja, desculpa, mulher, cuja sinceridade é hilariante.

Baixámos a Rambla da Catalunya, rumo à que é conhecida, a própria da Rambla, e mergulhámos no Raval. Mais cerveja, mais conversa, e claro está, mais histórias e muito pagode. Next stop, Moog, conhecido das primeiras noites em Barcelona, e que nos recebeu com o electro, bom, do costume. "É a minha discoteca preferida", mais uma surpresa no meio de tantas.

"E o after, é aonde?". Em minha casa, obviamente. Mais uma Rambla, a do Raval, nao sem antes termos sido ameaçados por dois travestis, ou talvez transexuais (duas coisas, pronto), na outra, exacto, a que é conhecida, tudo porque estávamos dispostos a abdicar de uma das 12 cervejas, que o nosso paki de ocasião levava alegremente na mão, a troco de uns miseros" 3 euros.

Despedimo-nos do Raval, entrámos em Sant Antoni, e a conversa começou a vir cá de dentro, intercalada com uma discussão sobre La Sombra del Viento. "Eu vivia aqui!", diz uma delas, a que tem um apelido ainda mais estranho que o meu, dona de um sorriso espectacular. Os seus olhos começaram-se a lembrar de tudo o que Barcelona lhe tinha proporcionado durante um ano, e as lágrimas, ao contrário das do restaurante, são verdadeiras, de saudade. Vejo-me ao espelho do meu fim de Erasmus, e só peço que tenha a mesma reacção no dia em que voltar a este bairro, porque vai querer dizer que isto tudo foi de puta madre. Mas sem chorar, que isso é coisa de gajas.

Chegados a casa, acostumada que está a entradas aleatórias de desconhecidos a altas horas da manhã, continuou a dormir enquanto nos instalávamos no meu quarto para dar largas áquelas conversas metafisicas que sao companheiras de guerra habituais do álcool e dos fins de noite. E assim ficamos, até que o cansaço começou a tomar conta de nos, arrastando-os, a eles, para a rua, e a mim, para a cama.

Confesso que o Porto subiu um bocadinho na minha consideraçao. Um bocadinho grande, vá.

3 comentários:

Anónimo disse...

Que noitão!!! adorei mm.... estes temas é q deves escrever no blog n a merda do benfica... lol

Anónimo disse...

calma paki de ocasiao

Anónimo disse...

esta merda bloqueou e agr apareceu tres vezes.... desculpem