quinta-feira, 12 de novembro de 2009

Books

Depois disto, um livro que mais parece um sonho (digo sonho porque o livro é curto e dá a sensação que acaba quando acabou de começar e porque parece que lhe faltam partes, à semelhança dos sonhos), em que a personagem principal, José Costa, é um ghost-writer que deambula entre o Rio de Janeiro e Budapeste, e que com o tempo deixa de ser José Costa para passar a ser Zsoze Kosta - condição que tenta negar para voltar a José Costa, percebendo depois que será Zsoze Kosta para sempre -, e que com o tempo gets lost in translation (o cliché assenta que nem uma luva) only to find himself again, e que com o tempo passa de ghost-writer a ghost-written, e que com o tempo deixa que outros façam dele aquilo que ele nunca teve coragem de fazer mas sempre quis secretamente...


isto:


«The Tale of Genji, as translated by Arthur Waley, is written with an almost miraculous naturalness, and what interests us is not the exoticism — the horrible word — but rather the human passions of the novel. Such interest is just: Murasaki's work is what one would quite precisely call a psychological novel. [...] I dare to recommend this book to those who read me.»

Jorge Luis Borges, The Total Library


Por muitos considerado como o primeiro romance moderno, ou o primeiro romance psicológico de sempre, foi escrito por uma mulher, no século XI, no Japão. Pertanto, como diria o Jesus, de um romance psicológico que não se assume como tal, passado em pleno século XXI, salta-se para outro, que não o podia ser mais, no Japão feudal do século X. Tudo a ver.

2 comentários:

Anónimo disse...

Curto bastante quando fazes referências a livros, e curto ainda mais quando os compro e descubro um livro de se lhe tirar o chapéu.

Li o "Livro do Riso e do Esquecimento" do Milan Kundera e foi uma muito agradável surpresa..

Um obrigado my friend e, se quiseres, vai incluíndo mais umas referências que desde já te fico agradecido.

Abraço,
MM

Anónimo disse...

A propósito do Budapeste, que não li, lê também o "Leite Derramado" do mesmo Chico Buarque. Ao principio custou-me a entrar o brasileiro, e até o pus de parte uma ou duas vezes (já o tenho há mais de um ano). Mas à terceira li-o de uma assentada. Vale muito a pena, um retrato da mudança dos tempos a partir de uma cama de hospital.

E já agora nunca deixes de morrer sem ler antes "O segredo de Joe Gould". Provavelmente o meu livro preferido, acabei de o ler a terceira vez há 2/3 dias. É mágico!

E para ti que gostas de correr, não percas o "Auto-retrato do escritor enquanto corredor de fundo" do Haruki Murakami.

Bom, já chega

Abraço

mc