segunda-feira, 22 de maio de 2006

Ritorna Maestro


Tristeza... alegria... emoção!


Foi um dos dias mais tristes da minha carreira e, ao mesmo tempo, um dos mais felizes. É estranho mas eu explico: foi um drama para mim saber que ia ao Estádio da Luz e não me ia equipar no balneário do Benfica. Naquele estádio, nunca me tinha equipado noutra cabina que não na do Benfica. Eu acho que nem reconheci a cabina visitante. Foi um drama pensar que ia entrar no estádio como adversário, que ia entrar no túnel pelo outro lado. Estive 13 anos naquela casa e quando jogava nas camadas jovens, mesmo quando não jogava no estádio, era apanha bolas nos jogos do Benfica. Estava sempre lá. Naquela noite eu não queria ser recebido em apoteose, mas também temia que os adeptos não tivessem compreendido as razões da minha saída. Quando cheguei ao aeroporto percebi que não havia motivo para receios, a recepção aí foi logo maravilhosa! A chegada ao estádio foi também uma grande festa. Se por um lado estava feliz e orgulhoso por ser tão saudado, por outro estava triste porque ia jogar com outra camisola que não a do Benfica.

Na Fiorentina tiveram comigo um comportamento fabuloso. O Batistuta praticamente exigiu que eu fosse o "capitão" naquele jogo. Os jogadores do Benfica estavam ali a ser apresentados para a nova época, mas o João Vieira Pinto, que era o "capitão", só me dizia: "Este jogo é para ti." Recordo-me que nas bancadas estavam duas faixas muito grandes dedicadas a mim. Uma dos No Name Boys e outra dos Diabos Vermelhos. Uma tinha uma enorme camisola vermelha com o número 10 e com a frase: "Por muitas mais que vistas esta será sempre a tua.". Ainda hoje me arrepio quando penso naquela frase. A outra estava escrita em italiano: "Rui Costa no coração (o coração estava desenhado)." Cada vez que tocava na bola era aplaudido. Até que chegou aquele momento.

Acredito que foi o destino. Era o primeiro jogo que eu estava a fazer na época e não deveria fazer o jogo todo. Estava programado fazer apenas 60 minutos. Nós estávamos a perder 1-0 e eu estava a sentir-me bem e por isso pedi ao meu treinador para jogar mais um pouco. Fui ficando, ficando... Estava a acabar o jogo quando apareceu aquele lance. Quando vi a bola entrar na baliza ia festejar porque o golo era da minha equipa, mas naquele preciso momento apercebi-me que estava pronto para festejar um auto-golo... quase. E saiu-me natural aquele descontentamento. Vieram-me as lágrimas aos olhos. É um dos momentos mais tristes da minha carreira, mas ter aquele estádio de pé a aplaudir-me foi uma coisa indescritível.

Lembro-me que o Vítor Pereira veio ter comigo e disse-me uma coisa que eu nunca mais vou esquecer: "Goza este momento porque é único." De facto, jogar num estádio como adversário e ser aplaudido depois de marcar um golo contra a equipa da casa... é uma imagem que eu tenho gravada, mas que nem gosto de rever na televisão.


Rui Costa


Texto retirado deste blog, que por sua vez o foi buscar ao livro A Luz não se apaga.

10 comentários:

KIK0 disse...

que belo

Anónimo disse...

Olhe Rico,
agora é o que o querido estragou tudo...
cump da princesa sissi

rosé mari disse...

pode-se saber porquê minha cara?

Anónimo disse...

Por ele esperamos.. com Petit e Manuel Fernandes atrás o maestro nem tem que se preocupar em defender...

Galiano disse...

O último grande benfiquista retorna a casa!

KIK0 disse...

tenho 1 lagrima no canto do olho

Pipos disse...

já não há mais grandes benfiquistas?

bem me parecia...

Galiano disse...

E kem foi o ultimo grande sportingista? Sá pinto?

Ultra Lisboa disse...

benfica = MERDA!!!

Todos os lampiões mortos é um favor a Portugal...tem cuidado puto parvo!!!

Anónimo disse...

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