quarta-feira, 7 de maio de 2008

Post de merda (ou sobre o egocentrismo)

Não há maior prova do egocentrismo humano do que o orgulho que temos na nossa própria merda.

Merda dos outros? Isso é nojento. A nossa merda? Merda, mas qual merda? A nossa merda é tão sublime que é promovida a excreção, é acto criador, surpreendente, por vezes colorido, que requer perseverança - até o maior borras já passou por um bom entalanço -, mas também talento - não raras vezes saímos (e aqui uso o plural apenas e só para que a generalização vos impeça de pensarem especificamente em mim a sair da casa-de-banho, mas if that gets yours juices flowing, suit yourself) da casa-de-banho algo cabisbaixos por causa da nota que o nosso juiz imaginário, aqui propositadamente de merda, atribuiu na sequência, quer de uma aterragem atribulada em mares internacionais, causadora dos sempre irritantes salpicos, quer de uma entrada, não de forma directa no alvo, como as mais elementares regras da defecação exigem - cagadela oblige -, mas com ressalto numa das paredes laterais.

Merda dos outros é gordo peludo de tanga a saltar da prancha mais alta de uma piscina pública atolada em pleno Verão; merda própria é mergulho acrobático em plena prova olímpica: esguia, elegante e concentrada, como o melhor dos saltadores profissionais.

Lugar aqui para um agradecimento a todos os fabricantes de retretes que demonstram estarem atentos ao esforço de precisão de quem as utiliza, denotando elevadas preocupações ergonómicas e de engenharia, presentes na relação que se estabelece entre a postura do utilizador e o alvo, destino do pacote que nós, quais mensageiros vindos da batalha de Maratona, estamos destinados a fazer chegar a bom porto. Estou a imaginar os departamentos de pesquisa e investigação destas empresas, o sangue, suor e lágrimas que vertem para tão nobre fim. Às Sanindusas deste mundo, um muito obrigado. E se precisarem de ajuda para um estudo de mercado, estão à vontade. Anda uma pessoa a ser chamada para estudos de mercado da Sumol, quando pode dar o seu contributo para coisas realmente importantes.

O post era suposto ter ficado pela primeira frase. Fiz merda, mas foi mais forte do que eu.

8 comentários:

KIK0 disse...

Uma informação talvez util aos planos de pesquisa e investigaçao que tao importantes consideras: Na Polska, a maioria das retretes nao faz uma inclinação ate aos mares internacionais, mas é flat. Basicamente, levantas-te e ficas a olhar para a obra de arte que fizeste.

Anónimo disse...

Na Áustria a contemplação também está na ordem do dia, pelo menos nas poucas casas de banho que frequentei (o meu mote é: só cago onde durmo).

Anónimo disse...

Na Áustria a contemplação também está na ordem do dia, pelo menos nas poucas casas de banho que frequentei (o meu mote é: só cago onde durmo).

rosé mari disse...

confesso que, quanto a esse aspecto, me tenho por aventureiro. diria mesmo, um "granda maluco".

Anónimo disse...

Na argentina o formato é igual. Até a possibilidade de mandar um bombeiro se mantem! A única novidade é q ao puxar a descarga a agua gira no sentido oposto ao europeu!
Quanto ao resto estou contigo na aventura!
filipe maciel

Anónimo disse...

No Brasil, a gde diferença q encontro em relaçao a Portugal é q qdo cagamos sentamo nos numa superfície almofadada, tornando tudo (ainda) mais confortável!

Gde abraço, Ze Quim

rosé mari disse...

a multiculturalidade presente neste post é salutar.

realmente, não fosse a internet, e ainda andávamos todos a cagar no mato.

Anónimo disse...

Post espectacular! Diversidade cultural em seu redor... Adoro cagar, e ri-me como o c****** a ler o texto judice! Aqui em Amsterdão (aproveito para dar a minha contribuição no ambito da obra de arte q é cagar), as retretas também apresentam dois pisos, um onde tudo cai e posteriormente é enviado para os afluentes internacionais, tipo pista de descolagem! Graças a Deus n há problemas c os salpicos!

Abraçao

Xico