segunda-feira, 15 de outubro de 2007

P,P,P



Intenso, um passeio numa corda bamba que não se parte, mas que quem a tenta atravessar pode não estar preparado para o fazer. E rede, essa, n'existe pas, não faz sentido, porque a travessia é para chegar a bom-porto. Não a pediste, porque se era para atravessar com rede, então não a atravessarias at all.

Escorregas, porque resolveste tossir (tu que quase já nem tens asma!), e agarras-te, com unhas, dentes, e as pontas de três, dois, quatro, três dedos suados, a esse fio que na tua cabeça é tão real como a queda. O calor do nylon queima-te os dedos, mas há alguma coisa que te diz que não vais cair, pelo menos assim, porque se fosse para cair, tinhas pedido uma rede, e se fosse para pedir uma rede, não atravessavas a corda.

Pontas. Três, uma, duas, três, de dedos suados. A corda, até aí desinteressadamente presa num movimento previsivelmente imprevisível, apercebe-se da situação e convence a bamba a descansar um bocado, esticando-se de seguida o mais que pode e sabe para que consigas subir.

Pontas. Dedos. Mãos. Joelhos. Pés. Estás outra vez de pé, na corda, que interrompe o agradecimento que lhe dirigias para te avisar que a bamba vem aí e não está para brincadeiras, que o melhor a fazer é continuar a travessia e não tossir outra vez. Segues a sugestão e lá vais tu, passo a passo, na corda outravezbamba. E sempre, sempre, sem rede.

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