quinta-feira, 24 de novembro de 2011

Capitão Fausto

Confesso que tenho assistido ao crescente entusiasmo com as novas bandas rock portuguesas com aquela reticência típica de quem é apresentado ao mundo dos sucedâneos alimentares pela primeira vez.

A falha, curiosamente, tem sido sempre a mesma: do ponto de vista instrumental, o som dessas bandas cai-me, sem excepção, bastante bem; o problema, essa besta, só aparece quando o vocalista entra em cena, porque é então que se nota, invariavelmente, a falta de uma coisa: harmonia entre a parte vocal e a parte instrumental.

Atenção, não ponho em causa a qualidade das vozes - cantam todos muito melhor do que eu (o que também não era difícil, ainda que a minha imitação de Rui Reininho seja completamente flawless). Questiono, sim, a forma como letra e voz se conjugam com o instrumental. Faz-me lembrar aqueles momentos forçados em que tentamos juntar dois amigos na inglória esperança que acabem enrolados no fim da noite.

É por isso que, dos Velhos aos 3 Por Cento, passando pelos Linda Martini e pelos Pontos Negros e acabando nos Golpes, nenhuma banda me convenceu verdadeiramente, embora lhes reconheça mérito e vá gostando, a espaços, de uma ou outra música.

E nisto, eis que surgem os Capitão Fausto. Pelo que percebi, são um grupo de putos de Lisboa, amigos, que conseguiram a difícil proeza de criar música original e, pasme-se, harmoniosa, e, pasme-se ainda mais, em português. Acresce que parecem ter feito tudo isso com muito trabalho (segundo consta, amanharam eles próprios um EP com uma qualidade sonora muitíssimo razoável), mas sem grande esforço, sinal que a música lhes corre nas veias.

Ainda que se note alguma inexperiência na composição das letras, conseguem ser, na minha modestíssima opinião, a grande revelação nacional de 2011, fruto sobretudo de músicas surpreendemente sólidas e fluídas para um primeiro projecto amador, de uma cultura musical muito acima da média e de um vocalista e teclista com talento aos pontapés.

Sim, admito que a gestão das expectativas não foi feita da melhor maneira, mas é para verem a confiança que tenho nestes meninos. Por alguma razão ando a ouvi-los nonstop há uns dias (no limite, essa razão será o meu mau gosto, e a ser esse o caso, agradeço que me dêem nota disso mesmo o quanto antes). Deixo-vos:

Teresa



Supernova



e Música fria (atenção à presença em palco!)


Ah, e diz que vão ao Mexefest.

2 comentários:

Maria Stürken disse...

My friends :) Amo! Tou viciada...O Cd não para no meu coche o dia inteiro! Concordo inteiramente com tudo o que disseste, na mouche.

Beijinhos

rosé mari disse...

diz-lhes para continuarem que estão no bom caminho hehe

mas por acaso ouvi no outro dia o radio edit do supernova e gostei mais desta versão "amadora"...acho que a voz dele ficou menos arranhada lol

bjs!