sexta-feira, 4 de novembro de 2011

GQ



Estou curioso para saber o número de vendas da GQ este mês.

Eu ainda tento perceber que a revista opte por ter todos os meses duas produções com jogadores de futebol, uma com um actor, outra com um cantor e só uma com uma mulher. Aceito que queira separar-se das suas congéneres, apelando ao segmento dos homens "modernos e sofisticados", whatever that means (e como se o homem "moderno e sofisticado" preferisse ver o Raúl Meireles e o Bruno Alves de tronco nu com roupas da Nike à Nicole Scherzinger e à Kate Beckinsale em condições idênticas).

No entanto, imagino que muitos, como eu, estranhem essa desproporção, que chega a ser chocante.

Agora, se querem introduzir mais um bocadinho de chicha na revista para equilibrarem os pratos da balança, o que eu aplaudo, alguém tem de lhes explicar que uma mulher com 100 kg só é o mesmo que duas de 50 kg em termos de peso e, com sorte, de volumetria.

É verdade que há muita gente que gosta de gordas. É justo e, digo mais, compreensível. Em boa verdade, atire a primeira pedra...bem, adiante. Fora de brincadeiras, acredito que a senhora seja uma mulher fascinante, com uma presença marcante e dona de um enorme carisma, mas para isso vejo a Oprah, não a GQ. E se quero ver uma mulher volumosa envolvida em mantos, tenho sempre o Renascimento.

Sim, eu sei, vivemos numa sociedade onde a aparência, mais do que um factor de protecção, acaba por ser um factor de exclusão, pelo que a decisão de incluir uma ex-concorrente do peso pesado na capa da GQ é feita por outras razões. É um statement fortíssimo, um reminder à sociedade que gordura é formosura e que a beleza de uma mulher não se mede aos kilos, capitalizando o buzz que o programa da SIC tem vindo a gerar. Não podia estar mais de acordo...se a GQ fizesse esse statement à custa de uma reportagem de 10 páginas com o Ricardo Carriço a jogar golf com roupa da Lacoste, e não das poucas, mas boas, produções a que habituou quem passa os olhos pela revista.

E é disso, e disso apenas, que este texto se trata: façam os statements que quiserem, as produções com o Cristiano Ronaldo e com ex-concorrentes do Peso Pesado, mas não se esqueçam que um homem, quando compra uma revista masculina, fá-lo por duas razões, por mais "moderno e sofisticado" que seja: gajas boas (de preferência juntas). Se calhar, são três.

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