quinta-feira, 22 de julho de 2010

Once upon a 19 July

Para ser grande, sê inteiro

Para ser grande, sê inteiro: nada
Teu exagera ou exclui.
Sê todo em cada coisa. Põe quanto és
No mínimo que fazes.
Assim em cada lago a lua toda
Brilha, porque alta vive.


Ricardo Reis

Algures no Castelo, reina um Sonho, acompanhado apenas de laboriosas vespas. Alto, bem alto, tão alto que o lugar só se alcança após subir uma escada de caracol.

Lá chegou de noite, meio adormecido e com cheiro a mar, como bom sonho que era. «Só acordas quando as pessoas forem dormir», ensinaram-lhe, ainda quando era miúdo, na EB 2,3 dos sonhos onde estudava. E ele, o Sonho, jamais esqueceu essa importante lição.

Passou o grande portão encarnado e, entrando no palácio, serpentou por entre labirintos perdidos no tempo até encontrar a escadaria cujo nome se fica a dever, não só à sua forma, mas também à inevitável languidez com que a subida se processa. Galgou a dita escada e, uma vez nos seus aposentos, o primeiro que fez foi conhecer os cantos à grande casa - todos os sonhos têm uma casa. Só depois se instalou, quando ganhou consciência de si mesmo. Porque os sonhos também crescem.

E por lá ficou, desde então e até hoje, verdadeira majestade onírica, senhor absoluto do que já foi, do que estava a ser e do que há-de vir, a aguardar pacientemente, porque certo, o regresso daqueles que por lá passaram com ele.

Belmonte, esse.

1 comentário:

Anónimo disse...

muito bom.. parabéns querido... você deve ter lido Majestade Onírica de Giuliano Fratin do livro Um Abraço No Amlo Sentido de 2007... se não leu procure, é maravilhoso... um beijão pra ti.. Elza Moura