O bagulho é simples: certo dia, andava eu em passo diletante pelas ruas de Lisboa, quando me apercebi de uma donzela em apuros. Aproximando-me, fiquei de imediato deslumbrado com a sua imensa nobreza e beleza, sentimentos esses que logo deram lugar a uma enorme comoção, ao assistir a tão bela sílfide, de aspecto seráfico, a reclamar para si a propriedade de uma mota que se encontrava em concurso. Ao ver-me, clamou:
- Oh, nobre cavalheiro, cuidai vós de me auxiliar em tão temerosa demanda? - Claro que sim, formosa chavala. - respondi. - Gentileza como a vossa é rara nesta praça, onde me encontro a suplicar aos deuses, na esperança de que as minhas súplicas sejam ouvidas e que a Fortuna me presenteie com tamanha dádiva motorizada. - bradou. - Mas, oh esbelta rapariga, como poderei eu, que mais não sou do que um simples mancebo, ajudar-te em tarefa de traquejados cavaleiros? - inquiri. Responde-me ela: elementar, meu mancebo extraordinariamente atraente. Diriges-te à página http://www.rexonaf4e.com/, seleccionas "Galeria", e votas nesta fotografia:
- Pensas tu, elegante princesa, que com um simples voto poderei trazer o calor pelo qual a tua alma anseia? - perguntei. - Com um, não, mas com algumas centenas, certamente verás a minha alma rejubilar e, com isso, o brilho nos meus olhos e sorriso. Podes votar as vezes que quiseres. E um truque: quando votares, carrega no f5, que a página faz refresh, e podes voltar a votar! - explicou-me, sem hesitar. - Que assim seja, se Deus quiser. Não percamos mais tempo, que a votação termina no sábado. Alahou, Alazão. A salvar esta donzela!
E nisto vim aqui parar. Pois bem, rapaziada, a história, como vêem, é simples: vão a este site, dirigem-se à Galeria e votam na fotografia com o nome de Mariana Dias. Várias vezes. Todos os dias. Sempre que cá vierem. É só fazerem refresh. Eu não sou de ameaças, mas se a fotografia não for a mais votada até sábado, nunca mais escrevo aqui. E também não sou de promessas, mas se a donzela ganhar a mota, ofertarei aos leitores deste blog algo de muito especial, dentro das minhas modestas capacidades intelectuais, claro está. Obrigado.
Para ser grande, sê inteiro: nada Teu exagera ou exclui. Sê todo em cada coisa. Põe quanto és No mínimo que fazes. Assim em cada lago a lua toda Brilha, porque alta vive.
Ricardo Reis
Algures no Castelo, reina um Sonho, acompanhado apenas de laboriosas vespas. Alto, bem alto, tão alto que o lugar só se alcança após subir uma escada de caracol.
Lá chegou de noite, meio adormecido e com cheiro a mar, como bom sonho que era. «Só acordas quando as pessoas forem dormir», ensinaram-lhe, ainda quando era miúdo, na EB 2,3 dos sonhos onde estudava. E ele, o Sonho, jamais esqueceu essa importante lição.
Passou o grande portão encarnado e, entrando no palácio, serpentou por entre labirintos perdidos no tempo até encontrar a escadaria cujo nome se fica a dever, não só à sua forma, mas também à inevitável languidez com que a subida se processa. Galgou a dita escada e, uma vez nos seus aposentos, o primeiro que fez foi conhecer os cantos à grande casa - todos os sonhos têm uma casa. Só depois se instalou, quando ganhou consciência de si mesmo. Porque os sonhos também crescem.
E por lá ficou, desde então e até hoje, verdadeira majestade onírica, senhor absoluto do que já foi, do que estava a ser e do que há-de vir, a aguardar pacientemente, porque certo, o regresso daqueles que por lá passaram com ele.
PARVO De pulo ou de voo? Hou! Pesar de meu avô! Soma, vim adoecer e fui má−hora morrer, e nela, pera mi só.
DIABO De que morreste?
PARVO De quê? Samicas de caganeira.
DIABO De quê?
PARVO De caga merdeira! Má rabugem que te dê!
DIABO Entra! Põe aqui o pé!
PARVO Houlá! Nom tombe o zambuco!
DIABO Entra, tolaço eunuco, que se nos vai a maré!
PARVO Aguardai, aguardai, houlá! E onde havemos nós d’ir ter?
DIABO Ao porto de Lucifer.
PARVO Ha−á−a...
DIABO Ó Inferno! Entra cá!
PARVO Ò Inferno?... Eramá... Hiu! Hiu! Barca do cornudo. Pêro Vinagre, beiçudo, rachador d’Alverca, huhá! Sapateiro da Candosa! Antrecosto de carrapato! Hiu! Hiu! Caga no sapato, filho da grande aleivosa! Tua mulher é tinhosa e há−de parir um sapo chantado no guardanapo! Neto de cagarrinhosa!
Furta cebolas! Hiu! Hiu! Excomungado nas erguejas! Burrela, cornudo sejas! Toma o pão que te caiu! A mulher que te fugiu per’a Ilha da Madeira! Cornudo atá mangueira, toma o pão que te caiu!
Hiu! Hiu! Lanço−te üa pulha! Dê−dê! Pica nàquela! Hump! Hump! Caga na vela! Hio, cabeça de grulha!
Perna de cigarra velha, caganita de coelha, pelourinho da Pampulha! Mija n’agulha, mija n’agulha!
Não disse isto a ninguém, por isso mantenham o segredo, mas quando começar no sábado a ouvir a voz de Ezra Koenig, algures numa aldeia ao pé de Sesimbra, eu vou ser um gajo extraordinariamente feliz. Quão feliz? Extraordinariamente. Quanto é extraordinariamente feliz? Basicamente, no festival que se avizinha, os Vampire Weekend são os meus Whiskas Saquetas musicais. E tudo o resto, a menos que os orgasmos radiofónicos do locutor da Radar sempre que fala de Grizzly Bear se revelem justificados, é um gigante Blá Blá Blá, com uns acordes de guitarra e umas batucadas pelo meio.
Acreditem que é verdade quando vos digo que ainda vamos dizer aos nossos filhos que tivemos a sorte de ver os Vampire Weekend ao vivo. E que vê-los foi extraordinariamente feliz.
E por falar em feliz, feliz é uma palavra bastante infeliz.
É verdade, quem conseguir que faça o esforço de estar na sexta-feira, pelas 19:00, no SBSR. Ou muito me engano, ou Jamie Lidell vai proporcionar um belíssimo blá blá blá.
Hoje, no Optimus Alive, a não perder. A julgar pelo tempo que a manhã demorou a passar, as 19:15 hão-de chegar daqui a umas 12 horas. Até lá, (des)espero por tudo aquilo a que quero ter direito hoje à noite.
Messi? Ronaldo? Kaká? Onde estão eles? Surpresa? A meu ver, não. De um lado, temos uma selecção onde 90% dos titulares jogam em duas equipas, e cujo núcleo duro joga junto, entre camadas jovens e selecção, há mais de uma dezena de anos. Do outro, temos dois dos grandes responsáveis - Sneidjer e Robben - pela final algo atípica deste ano da Champions. A Argentina, ao deslocar-se para a África do Sul sem um seleccionador, correu demasiados riscos: um bom jogador de futebol não significa, necessariamente, um bom treinador. O Brasil, esse sim, poderia ter feito mais: mas Fabiano não é o Fenómeno e Kaká foi paulista preguiçoso e desinspirado, não Gaúcho.
As surpresas positivas acabaram por ser, a meu ver, o Uruguai e a Alemanha. No entanto, se num caso não dava para mais, no outro Xavi, Iniesta, Alonso e Busquets fizeram um quadrado que secou brilhantemente as contra-ofensivas germânicas. Mérito a Del Bosque, que percebeu que o ponto forte desta equipa estava na maneira como, com não mais de três passes, conseguia pôr dois/três jogadores em situação de golo. Daí, if you ask me, o jogo ter sido tão cínico. A Espanha teve a bola, como já se esperava, mas teve-a 20 metros mais atrás do que costuma ter, para se resguardar. E quando menos se esperava, o pequeno Puyol serviu-se dos seus cento e setenta e oito (!) centímetros para saltar mais alto do que toda a gente e fazer a diferença.
E agora? Gostava que ganhasse a Holanda: Sneidjer, Kuyt - jogador que aprendi a admirar - e Robben merecem. Mas, infelizmente, não me parece. O estilo de jogo de ambas as equipas é parecido - o que se compreende, uma vez que esta fornada catalã é muitíssimo influenciada pelas ideias de Cruyff -, mas a Espanha fá-lo melhor que a Holanda. De qualquer das formas, vai ser uma final aberta, com golos e espectáculo, que é o que se quer.
A história conta-se num vídeo e em meia dúzia de palavras. Larissa Riquelme, avantajada adepta do Paraguai, prometeu que, caso o Paraguai ganhasse à Espanha nos quartos-de-final, abraçaria o naturismo em plena praça pública. Note-se, aliás, a maneira blasé como respondeu ao entrevistador, neste vídeo:
À pergunta do entrevistador:
«Para mi Larissa, con todo respecto, tu no tienes que decir "yo me desnudo si llego a final, no antecipes hasta la semi-final".
Respondeu Larissa:
No, creo que es igual, me voy a desnudar en la semi-final o en la final, me dá igual.»
Pois bem, depois da eliminação de Portugal, se mais razões fossem necessárias para torcer pelo Paraguai, eis que Larissa se encarregou de transformar a população masculina heterossexual mundial numa gigante hincha paraguaiana(*). De repente, qualquer homem (*1) passou a ser capaz de entoar a plenos pulmões o hino daquele país e de sentir um complexo de inferioridade relativamente a todos os outros países sul-americanos e a Espanha, só comparável ao da Bolívia (*2).
Posto isto, qual seria a atitude de qualquer pessoa esclarecida (*3) quando, aos 56 minutos do jogo dos quartos-de-final, visse o árbitro a apontar para a marca de grande penalidade, na sequência do puxão de Piqué (tão óbvio, que só pode querer dizer uma coisa: Piqué queria perder o jogo, o que se compreende (*4)) ao Tacuara? Para além de marcar - se já lá não estivesse -, de imediato, um bilhete de avião para Asunción? (*5) Obviamente (*6), socorrer-se de todos os meios, lícitos e ilícitos, para impedir que Oscar Cardozo pensasse sequer que tinha o direito de marcar aquele penalty. Aliás, quando tanto se fala da homossexualidade de Joachim Low, seleccionador alemão, não percebo como é que ninguém ainda alcançou que se há treinador roto na África do Sul, é Gerardo Martino, seleccionador paraguaiano. Ao que parece, assim que viram o Tacuara a pegar na bola, centenas de milhar de benfiquistas (*6) lançaram-se, debalde, rumo ao estádio, tentando evitar o inevitável. Jesus, na sua vivenda na Costa, dizia "foda-se este gajo aqui não, uma coisa é a Superliga ou a Champiôs Liga, outra é a Clarissa".
Quando Cardozo fez aquilo que 6 milhões de benfiquistas já esperavam, ou seja, falhar o penalty, a desilusão foi geral (*7), incluindo nas hostes espanholas. Piqué, frustrado, levou as mãos à cabeça. No final do jogo, a comoção era ainda mais notória, no Paraguai e um pouco por todo o lado. Consta, aliás, que o próprio Villa levou uma carga de porrada no balneário pelo golo que marcou, a começar pelo Piqué - desfeito em lágrimas - e a acabar na Sara Carbonero.
Quando todos (*7) ainda choravam a derrota paraguaiana, eis que Larissa, num gesto magnânimo, revela que, não senhor, se vai descascar à mesma, para premiar o esforço dos jogadores do Paraguai. Cardozo, e grande parte dos homens deste mundo (*8), agradecem. Como se isso não chegasse, a menina Riquelme não foi de modas, e fê-lo já hoje. Tenho, aliás, para mim, que se os jogadores do Paraguai não se tivessem esforçado, Larissa diria que tiraria as roupas por terem chegado aos quartos-de-final. Mais, arrisco dizer que se o Paraguai não tivesse ido ao Mundial, Larissa prometeria despir-se caso o certame fosse na África do Sul e, pelo menos num jogo, algum jogador de qualquer selecção tocasse na bola com o pé direito. À atenção da classe política portuguesa: esta senhora cumpre as suas promessas, mesmo que os outros não façam a sua parte. E, já agora, também à atenção de todos os fabricantes de bolsas para telemóveis: há outras maneiras de ter o telemóvel à mama mão.
* Declaração: O autor deste blog, não se revendo no sentimento generalizado que o anúncio em questão provocou nos quatro cantos do mundo, gostaria de deixar registado o seu protesto incondicional e irrevogável a propósito desta atitude deplorável da cidadã paraguaiana Larissa Riquelme. Mais, aproveita o presente escrito para condenar, de forma veemente, o exibicionismo demonstrado em não mais do que uma ou duas fotografias da referida senhora a que o autor - por intermédio de terceiros, note-se - teve acesso, nas quais esta se exibe, na pior das hipóteses, com um inadmissível e pornográfico decote. Adicionalmente, considera que esta atitude não contribui para a dignificação da mulher, constituindo um passo atrás na luta pela sua valorização enquanto membro intelectualmente activo e participativo da sociedade hodierna. Por fim, e salientando a vergonhosa configuração maxilar de Larissa Riquelme e a sua fraquíssima capacidade de dicção, o autor não quer deixar, em jeito de antecipação, de elucidar ainda as más-línguas de que a presente declaração foi elaborada de forma absolutamente livre e esclarecida, sendo totalmente alheia ao facto de a sua namorada frequentar o presente blog. *1 repete-se, ipsis verbis, o referido na primeira nota. *2 repete-se, ipsis verbis, o referido na primeira nota. *3 repete-se, ipsis verbis, o referido na primeira nota. *4 repete-se, ipsis verbis, o referido na primeira nota. *5 repete-se, ipsis verbis, o referido na primeira nota. *6 repete-se, ipsis verbis, o referido na primeira nota. *7 repete-se, ipsis verbis, o referido na primeira nota. *8 repete-se, ipsis verbis, o referido na primeira nota.
Muito se podia dizer aqui sobre este assunto. Opinar sobre o mérito do negócio, analisar a estratégia de cada uma das partes envolvidas, comentar o uso da golden share, and the list could go on.
No entanto, parece-me que o mais importante, agora, sobretudo do ponto de vista da utilidade marginal deste blog fraquinho, é esclarecer o que se vai passar a partir do dia 8 de Julho, dia em que o Tribunal de Justiça da União Europeia se vai pronunciar sobre a golden share que o Estado tem na PT.
Ponto prévio: todo o raciocínio assenta na premissa de que o Tribunal vai declarar que a golden share na PT, tal como está estruturada, constitui uma violação, pelo Estado, dos princípios da União Europeia de livre circulação de capitais e de liberdade de estabelecimento. Sinceramente, não vejo as coisas a ocorrerem de outra forma, quer pelo historial de decisões do órgão jurisdicional em casos semelhantes, quer pela opinião do advogado geral - figura associada ao Tribunal que emite pareceres, prévios à decisão, com poderes meramente consultivos -, quer pela análise que faço do caso. À cautela, não se fiem neste último argumento, que destas mãos sai muita estupidez, mas sim nos dois primeiros.
Declarando o Tribunal que a golden share na PT constitui, efectivamente, uma violação do Tratado, o que acontece? Num mundo perfeito, a Alessandra Ambrósio passaria a fazer strips diários no Marquês de Pombal, acompanhada da Heidi Klum e da Monica Bellucci (de há cinco anos), em jeito de protesto, até o Estado acabar com a dita acção d'oiro. E porque é que eu digo isto? Enganam-se - ainda que moderadamente - aqueles que pensam que faço esta sugestão apenas por gostar bastante da Praça do Marquês. Sugeri-o, apenas, porque é mais provável que isso aconteça do que a golden share acabar nos próximos tempos.
"Mas a decisão não é de um Tribunal?", perguntam. É sim, respondo. Sucede, contudo, que não há nenhuma sanção directa/imediata em caso de não-cumprimento, pelo Estado, da referida decisão. Por isso, apesar de o Estado estar obrigado a pôr termo à violação do Tratado - isto é, à golden share -, caso não o faça a Comissão terá de iniciar outro procedimento judicial para que lhe seja aplicada uma multa, que pode ser fixa ou diária até ao fim / correcção da golden share. Até lá, zero, ziltch, nada, népias de consequências jurídicas. E isto não é brincadeira nenhuma: estamos a falar, na minha modesta opinião, de pelo menos um aninho de despe-despe e luxúria gratuitos no centro de Lisboa.
Isto faz sentido? O Tribunal não deveria ter meios ao seu dispor para pôr termo imediato à situação? Mais ou menos. To put it mildly, chamemos a este aparente non-sense "consequências inevitáveis da salvaguarda do equilíbrio entre a soberania dos Estados-Membros e os poderes da União Europeia". Assim, o Tribunal da União Europeia, enquanto guardião do Tratado, mais não pode fazer do que declarar se um determinado Estado-Membro está ou não em violação do mesmo, e aplicar sanções pecuniárias caso essa situação não seja corrigida. Para garantir os direitos dos particulares e analisar a validade de um acto concreto à luz do ordenamento interno e da União Europeia, existem os tribunais nacionais.
Resumindo, o que vai acontecer a partir de 8 de Julho? Se José Sócrates decidir fazer birrinha, nada.
This song has the rare ability of taking you to places. E é música que encaixa em qualquer altura do dia. Na alvorada, à tarde, no lusco-fusco, à noite...se bem que, em boa verdade, outra coisa não seria de esperar.