terça-feira, 29 de novembro de 2011



Por fim, está fechado...

quinta-feira, 24 de novembro de 2011

Capitão Fausto

Confesso que tenho assistido ao crescente entusiasmo com as novas bandas rock portuguesas com aquela reticência típica de quem é apresentado ao mundo dos sucedâneos alimentares pela primeira vez.

A falha, curiosamente, tem sido sempre a mesma: do ponto de vista instrumental, o som dessas bandas cai-me, sem excepção, bastante bem; o problema, essa besta, só aparece quando o vocalista entra em cena, porque é então que se nota, invariavelmente, a falta de uma coisa: harmonia entre a parte vocal e a parte instrumental.

Atenção, não ponho em causa a qualidade das vozes - cantam todos muito melhor do que eu (o que também não era difícil, ainda que a minha imitação de Rui Reininho seja completamente flawless). Questiono, sim, a forma como letra e voz se conjugam com o instrumental. Faz-me lembrar aqueles momentos forçados em que tentamos juntar dois amigos na inglória esperança que acabem enrolados no fim da noite.

É por isso que, dos Velhos aos 3 Por Cento, passando pelos Linda Martini e pelos Pontos Negros e acabando nos Golpes, nenhuma banda me convenceu verdadeiramente, embora lhes reconheça mérito e vá gostando, a espaços, de uma ou outra música.

E nisto, eis que surgem os Capitão Fausto. Pelo que percebi, são um grupo de putos de Lisboa, amigos, que conseguiram a difícil proeza de criar música original e, pasme-se, harmoniosa, e, pasme-se ainda mais, em português. Acresce que parecem ter feito tudo isso com muito trabalho (segundo consta, amanharam eles próprios um EP com uma qualidade sonora muitíssimo razoável), mas sem grande esforço, sinal que a música lhes corre nas veias.

Ainda que se note alguma inexperiência na composição das letras, conseguem ser, na minha modestíssima opinião, a grande revelação nacional de 2011, fruto sobretudo de músicas surpreendemente sólidas e fluídas para um primeiro projecto amador, de uma cultura musical muito acima da média e de um vocalista e teclista com talento aos pontapés.

Sim, admito que a gestão das expectativas não foi feita da melhor maneira, mas é para verem a confiança que tenho nestes meninos. Por alguma razão ando a ouvi-los nonstop há uns dias (no limite, essa razão será o meu mau gosto, e a ser esse o caso, agradeço que me dêem nota disso mesmo o quanto antes). Deixo-vos:

Teresa



Supernova



e Música fria (atenção à presença em palco!)


Ah, e diz que vão ao Mexefest.

UGT



João Proença, manda chuva da UGT, apanhado com a boca no charuto. Sometimes a cigar is just a cigar...

quarta-feira, 23 de novembro de 2011

Cristiano Ronaldo, nome psicotécnico de futebolista modesto e casto

Um abraço para Cristiano Ronaldo

Cristiano Ronaldo acaba de ganhar mais um prémio importante e, no entanto (ou por causa disso), muitos estrangeiros odeiam-no, e alguns portugueses toleram-no com aquele desprezo manso que se dedica aos rústicos. Dizem "Cristiano Ronaldo" articulando todas as sílabas com escárnio, sublinhando toda a cristianoronaldice do nome. Essa gente maldosa sabe o que faz: o nome foi a única vantagem com que Cristiano Ronaldo nasceu. É um nome que indica ao seu proprietário a carreira que deve seguir. Um nome psicotécnico: um arquitecto Cristiano Ronaldo sabe que nunca vencerá o Pritzker, e um engenheiro Cristiano Ronaldo nunca será quadro de topo da Mota-Engil - a menos que tenha sido ministro das Obras Públicas, mas infelizmente o cargo de ministro também está vedado a Cristianos Ronaldos, como é óbvio. Não, assim que um miúdo recebe o nome de Cristiano Ronaldo, pode começar a engraxar as chuteiras: já sabe que vai ser jogador de futebol.

Foi a única vantagem com que Cristiano Ronaldo nasceu. Tudo o resto foi conseguido por ele. É por isso que, ao contrário do que parece ser a opinião geral, considero que Cristiano Ronaldo é modesto e casto. Modesto e casto, digo bem. E justifico: Ronaldo nasceu, há 26 anos, num lugarejo esquecido da Madeira. À custa exclusivamente do seu esforço, conseguiu ser considerado o melhor do mundo no seu ofício. É isso que faz dele modesto. No lugar dele, tendo feito os sacrifícios que ele fez e obtido o que ele obteve, eu teria mandado fazer um cartaz, todo em néon, com os dizeres "Eu sou o grande Cristiano Ronaldo" e uma seta fluorescente a apontar para mim, pendurava-o ao pescoço e não saía de casa sem ele. Que ele, de vez em quando, dê uma entrevista em que arrisca um tímido elogio a si mesmo, para mim, é sinal de humildade.

Além disso, recordo que Ronaldo tem 26 anos. Parece que se dedicou em exclusivo a uma russa quando tem 400 russas, 650 suecas, 890 finlandesas - e por aí adiante, por esse atlas afora - a baterem-lhe à porta. Qualquer rapaz normal de 26 anos que já tivesse ganho o suficiente para nunca mais precisar de trabalhar na vida faria uma curta interrupção sabática de 40 anos no futebol para se dedicar em exclusivo às estrangeiras e ao álcool, como muitos antes dele tiveram o discernimento de fazer. Entre a pândega e o trabalho, Cristiano Ronaldo optou por meter na cabeça que vai bater todos os recordes anteriormente estabelecidos pelos melhores jogadores da história, e parece bem lançado para o fazer. Escolheu mal, evidentemente, até porque aos 26 anos não temos ainda a maturidade para distinguir aquilo que é mais importante na vida, e os cantos de sereia da ética do trabalho conseguem fazer com que muito jovem imaturo abandone uma vida de libertinagem para cair tragicamente nos braços da competência profissional. Comparado com o que podia ser, Cristiano Ronaldo é um monge. Há padres mais devassos do que ele. Felizmente, eu sou capaz de perdoar as falhas de carácter mais graves, e não o admiro menos por causa disso.
Ricardo Araújo Pereira in Visão

É por estas, e por inúmeras outras, que me mantenho na minha: Deus no céu, tu ao meu lado, Aimar no relvado e RAP na terra.

Masterchef Australia


Aquilo que todos os programas de televisão do género reality show/talent questing deveriam ser.

segunda-feira, 21 de novembro de 2011

Urburning



Isto, mejamigos, é talento.

sexta-feira, 18 de novembro de 2011

Carlos, o Analógico



e

"Sporting era casa sem móveis, com índios a atirar flechas."

Qual é coisa, qual é ela, que envolve armas de guerra e acaba sempre mal?

É a analogia do Carvalhal.

quinta-feira, 17 de novembro de 2011

Oh, jackpot...



E o melhor é o regresso.

terça-feira, 15 de novembro de 2011

US of Awesome


sexta-feira, 11 de novembro de 2011

Fala poema

Peguei um papel
e num pedaço de carvão,
sentei-me junto à lareira
com o rabo no chão.

Olhei para o Presépio
e para a árvore de Natal,
veio-me uma alegria,
não sei bem qual.

Comecei a pensar
sobre o que iria escrever,
comecei a pensar
no que lhes iria ler!

Já sei!!! Já sei!!!
- e foi assim que comecei.

Eu tenho ali na mesa
comida quente e fria,
e está Jesus na gruta
de barriga vazia.

Deram-me brinquedos
e coisas para entreter,
e está Jesus na gruta
sem nada p'ra fazer.

Estou eu aqui
com um vestido quentinho,
porque está Jesus na gruta
com um pano fininho?

Eu vivo aqui
nesta casa moderna,
porque vive Jesus
naquela simples caverna?

Estou numa casa
com ar condicionado
e está Jesus na gruta
todo gelado.

Mas porquê?
Porque é que é assim?
Eu tenho tudo bom,
tudo para mim!

Afinal não faço anos,
quem faz é o Menino,
que devia estar bem,
porque é bem pequenino.

Anónimo


Desde há uns dias, o meu poema preferido. Apesar de o Jesus já não viver numa gruta, mas numa vivenda em S. João da Caparica. Bem vistas as coisas, não sei o que é melhor.

terça-feira, 8 de novembro de 2011

Já dizia o outro...

Cabrão do pinguim.

sexta-feira, 4 de novembro de 2011

GQ



Estou curioso para saber o número de vendas da GQ este mês.

Eu ainda tento perceber que a revista opte por ter todos os meses duas produções com jogadores de futebol, uma com um actor, outra com um cantor e só uma com uma mulher. Aceito que queira separar-se das suas congéneres, apelando ao segmento dos homens "modernos e sofisticados", whatever that means (e como se o homem "moderno e sofisticado" preferisse ver o Raúl Meireles e o Bruno Alves de tronco nu com roupas da Nike à Nicole Scherzinger e à Kate Beckinsale em condições idênticas).

No entanto, imagino que muitos, como eu, estranhem essa desproporção, que chega a ser chocante.

Agora, se querem introduzir mais um bocadinho de chicha na revista para equilibrarem os pratos da balança, o que eu aplaudo, alguém tem de lhes explicar que uma mulher com 100 kg só é o mesmo que duas de 50 kg em termos de peso e, com sorte, de volumetria.

É verdade que há muita gente que gosta de gordas. É justo e, digo mais, compreensível. Em boa verdade, atire a primeira pedra...bem, adiante. Fora de brincadeiras, acredito que a senhora seja uma mulher fascinante, com uma presença marcante e dona de um enorme carisma, mas para isso vejo a Oprah, não a GQ. E se quero ver uma mulher volumosa envolvida em mantos, tenho sempre o Renascimento.

Sim, eu sei, vivemos numa sociedade onde a aparência, mais do que um factor de protecção, acaba por ser um factor de exclusão, pelo que a decisão de incluir uma ex-concorrente do peso pesado na capa da GQ é feita por outras razões. É um statement fortíssimo, um reminder à sociedade que gordura é formosura e que a beleza de uma mulher não se mede aos kilos, capitalizando o buzz que o programa da SIC tem vindo a gerar. Não podia estar mais de acordo...se a GQ fizesse esse statement à custa de uma reportagem de 10 páginas com o Ricardo Carriço a jogar golf com roupa da Lacoste, e não das poucas, mas boas, produções a que habituou quem passa os olhos pela revista.

E é disso, e disso apenas, que este texto se trata: façam os statements que quiserem, as produções com o Cristiano Ronaldo e com ex-concorrentes do Peso Pesado, mas não se esqueçam que um homem, quando compra uma revista masculina, fá-lo por duas razões, por mais "moderno e sofisticado" que seja: gajas boas (de preferência juntas). Se calhar, são três.