quarta-feira, 6 de abril de 2011

O que me vai na alma benfiquista

Sejamos enxutos, justos e honestos, em relação ao que se passou domingo:

- Jesus ignorou a importância deste jogo e, como tal, abordou-o de forma totalmente errada, esquecendo-se de que pode vir a ter de jogar contra o clube adversário por mais duas vezes este ano. O ascendente criado no jogo da primeira mão da taça cai por água abaixo, e a equipa entrará na segunda mão sob o espectro desta derrota;

- Roberto volta mais uma vez a ser o catalisador da derrota do Benfica. E se é verdade que o guardião tem potencial, também o é que não está preparado para assumir a titularidade na baliza de um Benfica que queira ser europeu. O grande problema, aqui, é que promover Júlio César a titular vai encostá-lo definitivamente e comprometer um investimento avultado. Por isso, ou se promove Moreira, sob o argumento da experiência, ou se vai buscar um guarda-redes em fim de carreira, para uma/duas épocas no Benfica;

- Cardozo revelou, uma vez mais, que é mais infantil do que o meu sobrinho mais novo. A grande diferença, porém, é que enquanto este chora quando as coisas não correm como quer, o paraguaio agride o adversário que se encontrar no local mais próximo da sua área de residência - dado o grau reduzido de mobilidade - no relvado;

- O clube adversário merece o campeonato, e é um justo vencedor. Justificar a má prestação do Benfica e a vitória adversária com arbitragens, bruxarias e coisas que tal só vai prejudicar o Benfica, e impedir-nos de corrigir o erro que esteve na origem dos problemas nesta época, e que mais não foi do que a política de contratações. Podem ter sido contratados jogadores de inquestionável valor (Salvio e Gaitan), mas não foram contratados jogadores de topo para posições chave (médio interior e guarda-redes), nem alternativas credíveis para posições sujeitas a grande desgaste (laterais). Assim, um Benfica que ambicionava muito arrisca-se a terminar a época com pouco. Reconhecer o mérito da vitória adversária não é sinal de fraqueza, mas sim, e quando muito, de inteligência, permitindo que a época vindoura seja preparada de forma mais competente.

- Se eu tivesse o controlo dos botões do estádio, teria apagado a iluminação, mas não acendido rega. E não se pense que seria por desportivismo, porque não se trata disso, mas apenas e só porque a presença da água só contribuiu para dar aos festejos um toque diferente. Saiu-nos, pois, o tiro pela culatra.

- Ainda a respeito da pretensa "falta de desportivismo" do Benfica, duas notas: é certo que não devemos pautar o nosso comportamento pelo dos outros, mas também não devemos passar por cima do nosso amor próprio e dignidade; esta, a dignididade, não fica posta em causa pelo apagar de luzes num estádio, ou pela existência de música alta no mesmo. Em nenhum momento foram os adeptos do clube adversário impedidos de festejar, forçados a abandonar o estádio e/ou o relvado. Agora, o Benfica também não é obrigado a criar condições para os festejos alheios, em caso algum e sobretudo quando (i) os festejos têm lugar no Estádio da Luz, e (ii) o clube adversário é o maior rival do Benfica e representa muito do que está mal no futebol português. Defender essa postura, sob a capa de uma politicamente correcta moralidade, é reveladora de uma grande hipocrisia. Por identidade de razão, não deveria também o Benfica ter deixado que os adeptos do clube adversário invadissem o relvado, ou proporcionado condições para que as músicas do clube adversário se ouvissem nos altifalantes do estádio, como faz quando festeja os seus próprios títulos? Quais são as condições mínimas para festejar? A moralidade da conduta bastava-se com a mera tolerância do festejo? Sim. E o apagar de luzes é sinal de intolerância? Não me parece.

- Os adeptos do Benfica debandaram do estádio, quando deveriam ter ficado e calado os festejos do clube adversário com cânticos de apoio à equipa. É por estas, e por outras, que o presidente deveria exigir mais e melhor dos adeptos: muito embora sejam os primeiros a acorrer quando tudo corre bem, não hesitam em debandar quando a tristeza bate à porta;

- A época está longe de ter acabado. Ainda temos três troféus em jogo. Cabe, pois, a Jesus não deixar a equipa desanimar. O jogo contra o PSV, depois de domingo, assume contornos ainda mais decisivos do ponto de vista motivacional.

Se calhar não fui tão breve quanto desejaria. Paciência.

7 comentários:

Morales disse...

- Epa sim, montou a equipa que ficou provado não funciona com equipas grandes. Mas não acho que seja grave. O espectro da derrota por 5 era bem mais grave, e ganhámos lá.

- Parece que tá de saída. Quero ver onde vão buscar um parecido...

- De acordo. Como é que de um ano para o outro ficamos sem plantel é algo que não csg engolir.

- lol

- de acordo.

- Bonito mas utópico.

- Pa cima deles crlho!!!! Vamos encher a Luz.

Anónimo disse...

Posso resumir tudo numa frase: birra de mau perder! foi unica e simplesmente uma birra! como o meu paciente que quando esta a perder deita os meus "pins" abaixo.. same here! ;) mas adorei o esforço para justificar a birra! achei querido as teorias e racionalizações para justificar o que é simplesmente... uma birra enormee!

rosé mari disse...

fala-se verdade no primeiro comentário, inclusivamente na parte da utopia. já no segundo, será quando muito birra de não ganhar, que o benfica nunca perde, os outros às vezes é que ganham :)

Morales disse...

"Pelos vistos anda por aí, à solta na comunicação social, muita virgem ofendida que se arrepela e arranca os cabelos de tão indignada que ficou com aquilo que o Benfica fez no final do jogo de Domingo. Tal como escrevi na altura, também eu critiquei o que foi feito. Mas a minha crítica diz respeito a uma situação concreta. Achei que aquilo que foi feito foi indigno, de facto, mas: - Não foi, de forma alguma, indigno do Porto. Tendo em conta aquilo que aquela gente tem vindo a fazer ao longo de décadas, quando muito deveriam era ter sido regados com algo mais abrasivo do que simples água, para ver se ajudava a limpar alguma da porcaria que os cobre. No mínimo, atirarem também algum sabão macaco para o relvado. Não percebo porque é que isto é 'mau perder', mas hostilizar e agredir os nossos jogadores e treinadores quando se podiam sagrar campeões (os do Porto passearam-se à vontade em Lisboa), e impedir que benfiquistas festejassem o título em locais públicos já não é. 'Mau perder' é apagar a luz e ligar os aspersores; - Não foi indigno da comunicação social abjecta que temos neste país, sobretudo a desportiva, sempre solícita a esconder e limpar a imagem dos suspeitos do costume, vendendo discursos bacocos de ódio provinciano por 'finas ironias', actos violentos por 'excessos de entusiasmo', e batota e jogo sujo por 'espírito competitivo'; - Não foi indigno do futebol português, podre e infectado pela porcaria, fomentando e compactuando alegremente com todas as situações a que temos assistido nas últimas décadas, e onde até uma pessoa condenada e castigada por tentativa de corrupção fala impunemente pelos cotovelos e é recebida de braços abertos em eventos oficiais, como por exemplo jogos da equipa da FPF; - Não foi sequer indigno do próprio Estado Português. Onde uma das faces da podridão, enquanto suspenso e desportivamente condenado por tentativa de corrupção, é recebido no órgão representativo do povo português. Onde 'ordem' e 'tolerância zero' têm definições completamente díspares consoante a zona do país. E onde o responsável máximo pelo desporto passa o tempo a fechar os olhos e a assobiar para o lado, só levantando o rabo da cadeira uma vez a cada três anos, sem nada fazer para limpar o futebol. E posto tudo isto, o escândalo é uma molha às escuras? É isto que se quer comparar a quase trinta anos de podridão, violência e corrupção? Se critiquei foi apenas por achá-lo indigno do próprio Benfica, porque não gosto de vê-lo baixar de nível. E por saber que a atitude é uma forma de expor o flanco, sendo obviamente explorada pelos 'moralistas' do costume para mais um ataque ao Benfica, e mais uma lavagem à imagem dos criminosos, tentando fazê-los passar por coitadinhos. Porque se fosse apenas por toda essa corja mencionada acima, qualquer tipo de deferência seria imerecida. Merece-nos respeito quem nos respeita. Não quem nos desrespeita, mente, vigariza e enxovalha sempre que pode." @ Tertulia Benfiquista

Xadão disse...

Rosé Mari,

Há só uma pequena coisa que não comentaste. Moral ou imoral, educada ou deseducadamente, o Vufica não deveria ter apagado as luzes apenas por uma questão de segurança.

Havia stewards e malta da PSP no meio dos super dragões. E toda a gente sabe que com estas partes o último jogo que se deve fazer é o do quarto escuro.

rosé mari disse...

hehe muito bom texto chico.

xadão, fi-lo noutra sede, mas aqui, realmente, "esqueci-me". E ponho o esquecimento entre aspas porque falei com um gajo asqueroso que estava lá no meio, e que me disse que não houve nenhum problema de visibilidade, e que as pessoas se viam todas umas às outras perfeitamente (a iluminação interna do estádio continuou acesa).

Anónimo disse...

O poonto mais relevante do teu post é o 3º, visto que é o unico que tem impacto no sucesso do SLB, e consequentemte na nossa felicidade "desportiva".

Concordo em todas as tuas opiniões e respiro de alivio por ver um benfiquista que percebe de futebol, visto que os que tenho falado (matos e titão) defendem o roberto e afirma que o Aimar é o melhor do nosso plantel. Suponho que sejam cegos ou bejam anovela quando o benfica joga. Afinal ainda há esperança.

A culpa de não termos sido campeões foi a teimosia e falta de competencia táctica do Jesus, em conjunto com o facto de não nos termos reforçado onde deveriamos.

Para o futuro, só vejo nos jornais avançados e mais avançados quando só precisamos de 1 (para substituir o cardozo). E ninguém fala de um box-to-box (peça-chave da equipa capea nacional) ou defesas laterais (a não ser taiwo para substituir o coentrão).

Sem este jogador o SLB tem jogar, contra equipa fortes, com 2 medios posicionais para fechar o meio campo. Só o fizemos 1 vez e ganhámos 2-0 no dragão.

Por este andar para o ano também não vamos longe!

Aires