sexta-feira, 26 de fevereiro de 2010

He's crazy, they said

As músicas, como quase tudo, têm uma dimensão objectiva e outra subjectiva. Esta dupla dimensão das coisas permite que, com toda a legitimidade, gostemos bastante de uma música objectivamente má, ou detestemos uma música tida como objectivamente boa. E digo com toda a legitimidade porque o juízo objectivo, em bom rigor, mais não é do que o resultado de um juízo subjectivo colectivo, a quem o bom senso, essa medida invisível colectiva, entende atribuir natureza objectiva. E eu, com a música, tenho esse defeito(?): dou um valor exagerado ao elemento histórico-subjectivo. Trocando por miúdos, gosto de músicas, não só, mas também, talvez demasiado, por aquilo que me fazem lembrar da primeira vez que as ouvi.

Esta, por exemplo, que até acontece ser um som do caraças:


para mim ainda é melhor. Talvez já nem te lembres, até porque na altura acho que te passou despercebida, mas cada vez que a oiço, lá estou eu, nós, no carro, num dia sem sol, mas que também não precisava dele, rumo a Sul, rumo ao risco, à realidade do silêncio. E desta forma imprevisível, esta música acaba sempre por funcionar como o opening statement, a opening song, desse dia. Basta entrar aquele "oh" no princípio, and there I go. E desta forma imprevisível, a música transforma-se em pergunta a partir do 1:17, respondida por mim, para dentro, mais ou menos nos termos: Yes I am. E desta forma imprevisível, here I am.

Então Muammar?





Mais valia teres dito "o Alinghi".

Édipo Rei

Vão ver isto...



(Rei Édipo, no D. Maria II)

não só porque é uma boa peça de uma tragédia emblemática, com uma óptima utilização do coro, um Diogo Infante bastante competente num papel, como dizem os espanhóis, fodido, e uma encenação que surpreende e envolve a plateia; mas também porque, depois de a verem, esta música, que é um som inacreditável, ganha outra graça:


Já perdi a conta das vezes que a ouvi. Mas se começar agora, já vai em duas. E por falar na peça, o que tem de Terésias e Creonte, falta-lhe claramente em Jocasta e no mensageiro das fatalidades, o que não deixa de ser uma pena.

Madêra

Os CTT enviam amanhã, sexta-feira, o primeiro carregamento com bens essenciais recolhidos em todo o país para ajudar as vítimas do mau tempo na Madeira.

Para a ilha seguem cerca de duas mil caixas em 65 contentores dos Correios recheados de roupa, alimentos para crianças, produtos de higiene e outros produtos, destinados à Caritas da Madeira e à Associação Protectora dos Pobres, do Funchal.

O carregamento deve chegar à Madeira na próxima segunda-feira, sendo os custos do envio completamente suportados pelos CTT.

Esta campanha de solidariedade faz parte de um projecto mais vasto dos Correios, o Projecto de Luta contra a Pobreza e a Exclusão Social.

Os bens solicitados são os seguintes:

- Lençóis

- Cobertores

- Mantas

- Almofadas

- Roupa interior (H/ S e criança)

- Roupa em geral

- Produtos de higiene

- Fraldas

- Leite em pó

- Comida para bebé

- Enlatados

Notícia: Jornal I


Não custa nada. Literalmente.

quinta-feira, 25 de fevereiro de 2010

I guess I'll stay home then

Wayne Bridge has declared he will not play for England or go to the football World Cup finals after a sex scandal involving his teammate John Terry. Manchester City defender Bridge said in a statement his position had become "untenable" and it would be "potentially divisive" to stay in the national squad.

Wayne Bridge further added to the press that he wished his fellow teammates and countrymen the best of lucks in South Africa and also that he will be cheering at all times for Capello's lot while shagging Vanessa (the last three words were uttered in a coughy yet audible away). Bridge refused to explain whether the expression "at all times" referred to the shagging, the cheering or both.

Mind fragments II

Ela é o que se chama uma miúda Toyota: ao longe, parece um Ferrari. Ao longe...

Mind fragments I

Ele é como os gajos da EMEL: pode nem ter feito nada, mas apetece sempre mandar-lhe uma no meio dos olhos, de tal maneira que faz parecer o "porque sim" a razão mais credível do mundo.

quarta-feira, 24 de fevereiro de 2010

Just pick your favourite

Muito provavelmente, o segundo melhor dueto da história:






E better call the calling-off off é das melhores frases que se passeia em letras de música.

(She) Rox



Podem começar a decorar este nome. Também, não é difícil.

segunda-feira, 22 de fevereiro de 2010

There's dark humour, then there's this

Dos piores timings de sempre do Diário da República (diploma publicado hoje no jornal oficial):

Decreto Legislativo Regional n.º 2/2010/M
Região Autónoma da Madeira - Assembleia Legislativa
Adapta à Região Autónoma da Madeira o Decreto-Lei n.º 65/97, de 31 de Março, que regula a instalação e o funcionamento dos recintos com diversões aquáticas.

Late but always on time


Concerto espectacular no Coliseu dos Recreios, mais precisamente no meu ouvido esquerdo. Porquê? Questão de posicionamento, I guess. Mas diz o direito que o de Joss Stone também foi memorável («digam que sim, digam que sim, que é para ver se ele pára de me chatear, invejoso d'um raio», sussura o esquerdo), se bem que podia ter cantado um bocado mais baixo, que era para não estragar o outro, muito melhor.

quarta-feira, 17 de fevereiro de 2010


Os primeiros cinco minutos do filme dão a sensação de que a próxima hora e meia será um Philip Roth meets Lolita, realizado por Woody Allen. Mas não. Ou melhor, é um Philip Roth meets Lolita, mas realizado por Woody Allen, o que acaba por fazer do filme, ao contrário do que seria de esperar, um dos mais fortes candidatos ao título de feel good movie of the year. Para a merecida distinção, talvez contribua o facto de Larry David ser melhor a fazer de Woody Allen do que o próprio.

Quem diria que o niilismo poderia dar origem a uma das melhores comédias dos últimos tempos? Highly recommendable.

Tutankamon quer dizer "betinho" em egípcio

Tutankamon morreu aos 19 anos.

Aos 19 anos? Tutan...kamon!

segunda-feira, 15 de fevereiro de 2010

sexta-feira, 12 de fevereiro de 2010

Só se volta a falar aqui do tema lá para 2020

Irritadas com a explosão da onda gay no mundo inteiro, as mulheres finalmente foram à luta e lançaram uma campanha mundial com a distribuição em massa, desta T-shirt.

Campanha feminina contra Homosexuais....


And as each day goes by, the feeling gets stronger. Qualquer dia, é vê-lo na Eurosport, todo ele culturismo e hormonas, a puxar camiões TIR com o dedo mindinho.

Thinking out loud

Será que este anúncio, daqui a uns tempos, terá de ser assim?


E será que, se o casamento civil deixa de ser «o contrato celebrado entre duas pessoas de sexo diferente que pretendem constituir família mediante uma plena comunhão de vida», para passar a ser «o contrato celebrado entre duas pessoas de sexo diferente que pretendem constituir família mediante uma plena comunhão de vida», porque é que não pode passar a ser «o contrato celebrado entre duas pessoas de sexo diferente que pretendem constituir família mediante uma plena comunhão de vida». Basicamente, isto:



Que não se retire deste post que sou contra a união entre pessoas do mesmo sexo, porque não sou. Cada um é livre de fazer o que quiser, desde que não me chateie, e faz-me sentido que se dois homens ou mulheres quiserem viver em plena comunhão de vida, têm direito a fazê-lo e a exigir que o Estado lhes reconheça direitos em virtude dessa opção. Agora, com os termos em que a alteração se processou, é que não consigo concordar. E que não se diga que o argumento (visual) utilizado é um reductio ad adbsurdum, mas, como em quase tudo na vida, o tempo encarregar-se-á de o demonstrar. Ao contrário do que as pessoas pensam, e como em tempos me disseram, parece-me que com razão, o problema não é essencialmente constitucional: o problema é político, e gira à volta da definição, pelo Estado, dos referenciais morais pelos quais uma sociedade se deve reger.

quinta-feira, 11 de fevereiro de 2010

Pequeno tratado sobre a bazófia

Prosápia, fanfarronice, vaidade, guisado feito com restos de comida, mais não são do que palavras ou expressões sinónimas de uma única característica: a bazófia.

Há quem a tenha a menos; outros há, que podiam fatiá-la e vendê-la embalada em grandes superfícies comerciais sem por isso correrem o risco de deixar transparecer um discreto pingo de humildade.

Explicações para essa peculiaridade de carácter? «Uma auto-estima exacerbada intrínseca», diriam alguns. Imediatamente, em dissonância, levantar-se-iam outros, barafustando que «não tem nada a ver com auto-estima: é uma questão de circunstâncias, um misto de envolvência social e familiar, que faz do bazofeiro um ser especial». Com o volume da discussão já bem alta e com insultos às mães alheias em mistura, um terceiro grupo tentaria impor serenidade, contrapondo que «ambos têm razão: a bazófia resulta de ambos». Virar-se-iam então as duas primeiras facções para esta terceira, acusando-a de oportunismo, e de não contribuir com ideias novas e produtivas para a descoberta da origem do bazofismo, «esse desígnio que os juntou» ali.

Já com o caldo quase a entornar, por entre punhos que se começariam a erguer, eis que surgiria Rosé Mari, qual paladino, num andar que teria tanto de tranquilo como determinado e sensual, empunhando na mão um singelo papel. Mas qual papel, perguntariam. Este papel:



- Está no sangue - anunciaria Rosé Mari, de forma quase axiomática, remetendo os presentes no auditório ao silêncio típico das grandes revelações. - Está no sangue, meus senhores - continuaria -, pois tal como as plaquetas impedem que um qualquer franganote se vanglorie do efeito de uma mera bofetada mal dada, os glóbulos brancos, vulgo leucócitos, fazem de polícia do nosso corpo, e ainda os encarnados*, vulgo eritrócitos, fazem de paquetes do oxigénio, também os basófilos *1, desempenham uma função vital no organismo humano: são eles que produzem e transportam, sobretudo para o cérebro, a bazófia, onde a mesma é tratada e aplicada ao pensamento e discurso de cada um.

Após ter terminado, contariam os presentes, ainda meio atordoados, que Rosé Mari desaparecera, sem quaisquer pretensões demiúrgicas, por entre uma nuvem de fumo, para não mais aparecer, deixando no ar um perfume que ainda hoje provocaria saudade.


* e este blog fica para a história como aquele que, pela primeira vez, snobizou os glóbulos vermelhos, até hoje impunes a esse processo que transforma todo e qualquer vermelho em encarnado.

*1 repare-se que a forma como a própria palavra é escrita, com "s", em vez de "z", denota um brasileirismo oculto, o que, pensando bem, está longe de ser uma mera coincidência, ou não fossem os brasileiros dos povos no Mundo com um dos maiores IB (índice de bazófia) per capita.

quarta-feira, 10 de fevereiro de 2010

Vampires are the new black


Se não conseguirem ver isto, é porque não têm o Flash Player. Vão ao Google, pesquisem pela aplicação e façam o download. Isto, se gostarem de Vampire Weekend. A minha inveja por não ter estado ali é equivalente à soma de todos os sorrisos que aparecem no vídeo, sorrisos que dizem, a quem os vê agora, qualquer coisa do género "hehe toma lá e embrulha, eu estou aqui e 99,999999999999999999999999999999999 % do mundo - incluindo tu, sucker - não; e olha, isto está a ser ainda melhor do que eu pensava".

E já que se fala de Vampire Weekend, o novo álbum, Contra, vem provar aquilo que já suspeitava: apesar de ainda só terem lançado dois CDs, têm sem dúvida um lugar no pódio das melhores bandas pós-euro 2004, esse momento musical marcante - depois de Nelly Furtado, a música nunca foi a mesma - que é aqui utilizado apenas e só porque me dá jeito. Quanto mais não seja porque passaram no sempre difícil teste do segundo CD, se não com distinção, quase.

Agora que penso nisso, talvez tenham passado no teste do segundo CD de forma quase brilhante porque, em vez de lançarem um segundo álbum, acabaram por lançar, involuntariamente (?), um novo primeiro álbum, praticamente paralelo ao anterior, com um cheirinho que serve apenas para lembrar, aos que pudessem disso estar esquecidos, quem são os VW.

terça-feira, 9 de fevereiro de 2010

Phoenix e Gossip no Optimus Alive!10

Duas bandas confirmadas no Optimus Alive!10. Gossip e Phoenix juntam-se a Pearl Jam. Bilhetes para Optimus Alive!10 já à venda.


Já só falta MGMT, Vampire Weekend, Kings of Leon (e aqui Rosé Mari faz uma pausa para percorrer a playlist do iphone), Gabriel o Pensador, Whitest Boy Alive, qualquer tipo de barulho com o Benjamin Gibbard, The Shins, The Strokes e The Wombats. E o Patrice ou Gentleman, porque festival tuga que se preze não é verdadeiramente sem um destes concertos. Rosé Mari, que hoje acordou com uma inexplicável tendência para o discurso na terceira pessoa, apela ainda à organização que os concertos não comecem antes das 8:30. Rosé Mari agradece.

segunda-feira, 8 de fevereiro de 2010

Let's take that as the best definition there is

Here's the key.

Se calhar da próxima vez levas lentes de contacto. O que perdes em estilo (?), talvez ganhes em visibilidade nocturna, Pedro.

sexta-feira, 5 de fevereiro de 2010

Fiquei com algum receio, depois da notícia que saiu hoje. Mas vamos à mesma. Em Março.

quinta-feira, 4 de fevereiro de 2010

Schwoop schwoop

A entidade que gere a estância de ski da Serra da Estrela acabou de anunciar, há momentos, em comunicado, que vai abrir uma nova pista - encarnada, a resvalar para preta - nos resultados dos últimos dois dias do PSI-20.

quarta-feira, 3 de fevereiro de 2010

Vice-Rei Pelé (Eusébio is the King)


Não sei se já pus isto aqui. Mas também não vou ver. Na pior das hipóteses, vêem pela segunda vez, que só vos faz bem e ainda é pouco.

There's normal speed, slow-motion and gri-motion

Já vi caracóis com mais reflexos que o Grimi. No entanto, não deixa de ser de aplaudir a sua decisão, pelos vistos, de doar os dois rins a uma qualquer instituição de caridade, ainda em vida. É impressionante a maneira como, mesmo sem eles, ainda se consegue movimentar em campo.

segunda-feira, 1 de fevereiro de 2010

Explaining the unexplainable

[After Homer suggests the town build a new fast-food district]
Dr. Hibbert: To raise the money, we'll need a bond issue.
Lisa: But won't that shift a burden to your children?
Bart: No, you idiot. We just pay with another bond issue. (Points to Maggie) Let her figure out someone to dump it on.
(Maggie looks over to the side and sees that there's nobody sitting next to her. She crosses her arms in annoyance.)


Sem sequer entrar na discussão da viabilidade do TGV entre Lisboa-Porto e Lisboa-Madrid, será que alguém me consegue explicar qual a justificação - coerente, se possível - para gastar 1,5 mil milhões de euros no TGV para um trajecto de 150 km, entre o Porto e Vigo, que já se encontra servido por uma rede rodoviária e ferroviária, e que servirá apenas para o transporte de passageiros? A sério, o que é que me está a escapar?

Beginning February dreaming about May

Muita coisa era parecida: a distância, o propósito, a duração, uma ou outra cara, a voz, a viola, a dança. Engano-me-vos. Mais do que parecida, era evocativa, porque não tinha nada a ver: era um Maio sonhado e vivido, that's what it was. E sendo-o, era quase impossível não sair com a barriga cheia, a abarrotar das coisas que nos enchem, com aquelas barrigadas que "afuguentam" tudo o que não seja um lânguido sorriso e uma vontade de permanecer numa inércia contemplativa, repleta de silêncios activos, sabe-se lá até quando, quer-se até que estes ganhem voz.