sexta-feira, 26 de fevereiro de 2010

He's crazy, they said

As músicas, como quase tudo, têm uma dimensão objectiva e outra subjectiva. Esta dupla dimensão das coisas permite que, com toda a legitimidade, gostemos bastante de uma música objectivamente má, ou detestemos uma música tida como objectivamente boa. E digo com toda a legitimidade porque o juízo objectivo, em bom rigor, mais não é do que o resultado de um juízo subjectivo colectivo, a quem o bom senso, essa medida invisível colectiva, entende atribuir natureza objectiva. E eu, com a música, tenho esse defeito(?): dou um valor exagerado ao elemento histórico-subjectivo. Trocando por miúdos, gosto de músicas, não só, mas também, talvez demasiado, por aquilo que me fazem lembrar da primeira vez que as ouvi.

Esta, por exemplo, que até acontece ser um som do caraças:


para mim ainda é melhor. Talvez já nem te lembres, até porque na altura acho que te passou despercebida, mas cada vez que a oiço, lá estou eu, nós, no carro, num dia sem sol, mas que também não precisava dele, rumo a Sul, rumo ao risco, à realidade do silêncio. E desta forma imprevisível, esta música acaba sempre por funcionar como o opening statement, a opening song, desse dia. Basta entrar aquele "oh" no princípio, and there I go. E desta forma imprevisível, a música transforma-se em pergunta a partir do 1:17, respondida por mim, para dentro, mais ou menos nos termos: Yes I am. E desta forma imprevisível, here I am.

1 comentário:

xico dollar disse...

rosé descobri estes gajos à uns tempos e ouço este álbum todos os dias! ouve tambem o evening/morning, magnet e lamplight! entretanto em londres não resisti e comprei o cd!