quinta-feira, 26 de fevereiro de 2009

Mixed feelings

Confesso que, a princípio, a notícia da qualificação (inédita) do sporting para os oitavos-de-final da Champions me causou algum transtorno. Sim, bem sei que semelhante mesquinhez no sentimento não é digna de quem se diz do Benfica; o verdadeiro benfiquista deve ser indiferente aos fracassos alheios, a menos que estes e os seus sucessos coincidam.

Não foi o caso, é verdade, mas a altura não é propriamente de vacas gordas, para além de que perdia, com essa qualificação, uma importante arma de arremesso para quando a vontade era de silenciar os mais que frequentes insultos anti-Gloriosos.

Foram tempos difíceis, de reflexão e conflito interiores, pois parte de mim recusava-se a aceitar esse facto; aliás, acho que nem a maioria dos sportinguistas percebeu muito bem como é que se qualificou.

Foi neste estado de espírito, algo turbulento, que recebi a notícia do resultado do jogo de ontem. Pois bem, não sei, sinceramente, como reagir. A perturbação mantém-se, mas por razões totalmente distintas; o transtorno que me enche a alma deve-se, já não ao facto de o sporting estar nos oitavos-de-final, mas ao facto de o sporting estar nos oitavos-de-final.

Percebem? Claro que não, vivo num constante desassossego. Já não sei se quero que o sporting se fique sempre pelos grupos, ou passe a ir todos os anos aos oitavos-de-final. Estou confuso.

quarta-feira, 25 de fevereiro de 2009

Twitter

Tenho Twitter. Ainda não percebo muito bem as consequências desta novidade. Mas tenho Twitter. Informe-se.

segunda-feira, 23 de fevereiro de 2009

Uma de muitas

A solidão é a oficina das ideias.

Machado de Assis

domingo, 22 de fevereiro de 2009

Filamentos

Homossexualidade.

Ribatejo.

Does...not...compute.

Which path, Luke?

Quando oiço o Zé Pedro a falar na Radar, não percebo se o exemplo funciona como um incentivo a não entrar no mundo das drogas ou a consumi-las forte e feio. Um twisted model, no fundo - if he could make it there, I'm gonna make it, anywhere, it's up to me and the coke equivalent of the lines on a football field (ao som de New York, New York, com a parte final em fast-forward, ironically).

sexta-feira, 20 de fevereiro de 2009

The ultimate badass



Instado a comentar esta capa do Record, Stewie Griffin teve o seguinte a dizer:

"Ha ha ha! Oh gosh that's funny! That's really funny! Is that your best badass face? 'Cause, oh my, did that scare me. I think I even went number one in my pants a little. Can you, can you smell it? Hum? Hum? Can you feel the smell of your ruthless face evaporating from my jeans? But tell me, please, how did you come up with such an hedious face? Spent a lot of hours practicing, just you, a mirror and a picture of that bully in school who used to beat you up, have you? Dear God, I pity you. Now come and clean my pants at once, you moronic bastard. Yes, I wasn't lying about that specific detail, I have indeed wet my pants. Nothing to do with you and that pathetic face of yours, though."

I too am from Barcelona



I'm from Barcelona daqui a uns dias no Lux. Uma banda de 30 pessoas no Lux. O Solar devia estar reservado nessa noite para um concerto dos Kelly Family com os Arcade Fire, de certeza.

quarta-feira, 18 de fevereiro de 2009

Green is gay

Drinkin pára produção por falta de CO2 disponível.

O Governo atribuiu ao Fundo Português de Carbono uma dotação financeira de 354 milhões de euros até 2012 para, através da compra de licenças de emissão de CO2, auxiliar Portugal a cumprir as metas definidas pelo Protocolo de Quioto.


Para quem nunca ouviu falar nisto, e para não vos chatear muito com o tema, a coisa funciona mais ou menos da seguinte maneira: o Protocolo de Kyoto estabeleceu uma meta de poluição para os países desenvolvidos, tendo a maior parte deles - mas não todos - aderido ao Protocolo e aceitado limitar o aumento do nível de emissão de CO2 para 2010 - com base nos valores de 1990 - em 27%.

Para tal, foram criados uma série de mecanismos, uns bastante interessantes, outros nem tanto, entre os quais se encontra a atribuição, a nível comunitário, de licenças de emissão de CO2 a certas actividades industriais e do comércio, que funcionam como uma quota de poluição para as empresas abrangidas.

Onde é que está a pedra de toque disto tudo? É que a quota atribuída tende a ser menor do que o total de CO2 que as empresas esperam emitir. Como é que isso se resolve? Fácil, fazendo entrar o Mantorras por volta dos 75 minutos. Isso, ou então criam-se mecanismos super cool que permitem às empresas dos países desenvolvidos e aos Estados praticar acção social noutros países desenvolvidos e - sobretudo - em países subdesenvolvidos, obtendo em troca licenças especiais que podem ser convertidas em licenças de emissão de CO2. Os gajos da União Europeia, talvez por não perceberem muito de bola, preferiram a última opção.

"E caso exista excedente, Rosé Mari..."
"Oh lá, quem és tu?"
"Sou o Ernesto, o teu amigo galhofeiro."
"Desculpa, não te reconheci a voz."
"Tranquilo. Dizia eu, caso exista excedente, também entra o Mantorras?"

Claro que não, estúpido, vê lá se estás com atenção, existe um mercado onde as mesmas podem ser transaccionadas.

"Bolas, isso é formidável". Pois é, pese embora existam algumas falhas que podem originar injustiças mas que, à semelhança da beleza volúvel da Penélope Cruz, terão de ser abordadas em sede própria.

Posto isto, a questão que se colocaria, se as duas notícias estivessem correlacionadas...ora diz lá Ernesto, para ver se estiveste com atenção.

"Será que os ambientalistas curtem Cintra?"
"Epah, foda-se, oh Ernesto".

terça-feira, 17 de fevereiro de 2009

Vicky Cristina Barça


Woody Allen está de parabéns, quanto mais não seja porque percebeu que é muito mais agradável do ponto de vista estético - não só, mas também e sobretudo -, ter a Scarlett Johansson a fazer de Woody Allen em vez do próprio, principalmente na parte em que aquela, e não este, começa aos melros com a Penélope Cruz*.

Mas está de parabéns também por uma cena, de qual esta fotografia é um fragmento, onde Javier Bardem, depois de picar o ponto com cada uma, as aproxima, com um ar simultaneamente determinado e quase paternalista, para passar de actor a mero espectador. Vale o filme.

* Sobre cuja "beleza" - tal é a volubilidade da mesma - rios de tinta merecem ser escritos. No entanto, como tenho sérias dúvidas da minha capacidade para levar a bom porto tamanha tarefa, limito-me a registar que não se trata do lugar próprio para discorrer sobre o assunto.

A musical SOS

Às vezes ponho a música mais alto para não ter de ouvir o meu silêncio. Consider this an emotional fart - meaning, it just slipped out.

segunda-feira, 16 de fevereiro de 2009

Adivinha

Qual é o programa, qual é ele, que devia mudar o nome, de "Futebol de Saltos Altos" para "Futebol de Grua"?

sexta-feira, 13 de fevereiro de 2009

Do voleibol


(A selecção holandesa acabava de comemorar um ponto ganho pela equipa adversária no primeiro set. Talvez a minha descrição não corresponda exactamente à verdade, mas toda a gente sabe que a verdade é o que se quer ouvir ou, neste caso, o que se quer demonstrar)

A grande questão que me assola o espírito quando vejo um jogo de volley (para além da questão porque é que estou a ver um jogo de volley?, que se repete, à medida que o tempo vai passando, com ligeiras alterações motivadas pela inevitável alteração do tempo verbal) é a seguinte: TÊM MESMO DE FAZER ISSO DEPOIS DE TODOS OS PONTOS?, assim, em maiúsculas e tudo. A indignação é de tal ordem que se super-maiúsculas houvesse, certamente me indignaria nesse tamanho.

A frequência do fenómeno da celebração exuberante que ocorre nos interstícios de cada ponto leva-me a concluir que não se trata de um elemento acidental do desporto em causa, mas sim de algo que está na sua própria natureza, ou seja, que o volley é bola branca, manchetes, serviços em suspensão e antebraços assados, mas também - e sobretudo - palmadinhas depois de cada ponto, ganho ou perdido.

A conclusão alcançada leva-me automaticamente a formular outra, orientada para a prospecção, que o futuro é das crianças (e dos gajos que marraram à séria na faculdade).

Dizia eu, e isto é o meu free lunch para os leitores deste blog que trabalhem no departamento de prospecção do Benfica, do Esmoriz ou do Castêlo da Maia (aquele por razões óbvias, estes últimos por exibirem dois dos nomes que acompanharam as tardes de fim-de-semana da minha infância a ver modalidades na RTP2) e só para eles, jogador de volley de alta competição tem de ter pernas altas, braços compridos, um bom poder de impulsão, mãos de lenhador, alguma homossexualidade - indispensável para o adequado domínio da panóplia de movimentos de pulso que o desporto exige - e, passando agora para a conclusão verdadeiramente dita, que os requisitos anteriores são conhecidos do público em geral, uma fortíssima carência afectiva que se revele numa necessidade extrema, constante e intervalada de contacto físico superficial e momentâneo. Vou inclusive mais longe - os treinos de captação deveriam ser precedidos de uma conversa com um psicólogo que traçasse o perfil psicológico do voleibolista.

Isso, ou então tem de ter um nome minimamente parecido com Ubirajara Pereira. It just boosts the team spirit.

quinta-feira, 12 de fevereiro de 2009

Hop Hop

(primeira conferência de imprensa em prime-time de Barack Obama, algures no meio da dita)

QUESTION: Mr. President, at a speech Friday that many of us covered, Vice President Biden said the following thing about a conversation the two of you had in the Oval Office about a subject he didn't disclose.

QUESTION: "If we do everything right, if we do it with absolute certainty, if we stand up there and we really make the tough decisions, there's still a 30 percent chance we're going to get it wrong."

Since the vice president brought it up, can you tell the American people, sir, what you were talking about? And if not, can you at least reassure them it wasn't the stimulus bill or the bank rescue plan and if, in general, you agree with that ratio of success, 30 percent failure, 70 percent success?

OBAMA: You know, I don't remember exactly what Joe was referring to...

(LAUGHTER)

... not surprisingly. But let me try this out. I think what Joe may have been suggesting -- although I wouldn't put numerical -- I wouldn't ascribe any numerical percentage to any of this -- is that, given the magnitude of the challenges that we have, any single thing that we do is going to be part of the solution, not all of the solution.

And as I said in my introductory remarks, not everything we do is going to work out exactly as we intended it to work out. You know, this is an unprecedented problem.

And, you know, when you talk to economists, there's some general sense of how we're going to move forward. There's some strong consensus about the need for a recovery package of a certain magnitude. There's a strong consensus that you shouldn't put all your eggs in one basket, all tax cuts or all investment, but that there should be a range of approaches.

But even if we do everything right on that, we've still got to deal with what we just talked about, the financial system, and making sure that banks are lending again. We're still going to have to deal with housing. We're still going to have to make sure that we've got a regulatory structure, a regulatory architecture for the financial system that prevents crises like this from occurring again.

Now, those are big, complicated tasks. So I don't know whether Joe was referring to that, but I used that as a launching point to make a general point about these issues.

QUESTION: (OFF-MIKE) OBAMA: I have no idea. I really don't.


Resposta inacreditável. Mas o que vem a seguir?, perguntam vocês. Pergunta sobre o terrorismo, ou sobre o Partido Republicano, atrevem-se uns quantos a arriscar.

Michael Fletcher from the Washington Post?

QUESTION: Yes, thank you, sir. What is your reaction to Alex Rodriguez's admission that he used steroids as a member of the Texas Rangers?

OBAMA: You know, I think it's depressing news on top of what's been a flurry of depressing items when it comes to Major League Baseball. And if you're a fan of Major League Baseball, I think it -- it tarnishes an entire era, to some degree. And it's unfortunate, because I think there are a lot of ballplayers who played it straight.

And, you know, the thing I'm probably most concerned about is the message it sends to our kids. What I'm pleased about is Major League Baseball seems to finally be taking this seriously, to recognize how big a problem this is for the sport, and that our kids hopefully are watching and saying, "You know what? There are no short cuts, that when you try to take short cuts, you may end up tarnishing your entire career, and that your integrity's not worth it." That's the message I hope is communicated.


Mais impressionante do que a estupidez da pergunta, só mesmo o brilhantismo da resposta, tão boa - como a anterior, aliás - que poucos diriam que se tratam de palavras faladas com uma mão cheia de centésimos de segundo a servir de handicap.

Conclusão

Cheguei à conclusão - saltemos os comos e os porquês - que gosto bastante de fotografias que conjuguem uma mulher, luz do dia e lençóis brancos. Acho sinceramente que há poucas coisas tão simples e tão belas na vida.

The Curious Case of Cate Blanchett



Quero acreditar que a única razão para ela não estar nomeada para um Oscar foi a indecisão do júri entre nomeá-la para Melhor Actriz ou para Melhor Actriz Secundária.

E mesmo essa indecisão era facilmente ultrapassável com a criação de uma categoria ad-hoc de Melhor Cate Blanchett. Podia-se nomear a Meryl Streep, que ela já nem liga, só para criar um bocadinho de suspense.

Acho que nunca vi nenhuma mulher tão bonita num filme.

quarta-feira, 11 de fevereiro de 2009

Unleashing process

If a tree falls close to the Tagus river and even though no one is there to hear it, believe me, it will make a sound.