quarta-feira, 6 de julho de 2011

I am not in the Moodys for more cuts

Ao contrário da esmagadora maioria dos economistas e dos neo/pseudo-economistas (nos quais orgulhosamente me incluo, juntamente com 99% da população portuguesa), não vejo com maus olhos, ou pelo menos com olhos fatalistas, o mais recente corte da Moody's ao rating da dívida portuguesa.

Call me crazy, mas acho que este corte constitui uma oportunidade, não por razões económicas, mas por razões sociológicas, para dar um empurrão ao país.

É que se é verdade que a capacidade do Estado, dos bancos e das empresas em se financiarem no exterior, depois de mais este corte, tem uma pujança parecida com a voz de um forcado que entra na arena com um pitbull agarrado à tomateira, também o é que se há coisa de que os Portugueses não gostam, é que duvidem deles e das suas capacidades. Poucos sabem, mas o Português é o melhor underdog do mundo (excepto quando lhe atribuem esse estatuto).

Ponham um português no pedestal, atribuam-lhe o favoritismo de alguma coisa, e lá vai ele pela ladeira abaixo. Agora, desconfiem das suas capacidades, digam a um português que é um menino e não consegue atravessar o Tejo debaixo de água em pleno Inverno com chumbos atados aos pés, e é vê-lo na Trafaria em menos de nada, roxo, é certo, mas do outro lado. Mas por pouco tempo, porque logo a seguir mete-se outra vez a nado para o lado de cá para esfregar o feito na cara de quem dele teve a ousadia de desconfiar.

Consta, aliás, que os Descobrimentos só correram bem porque um andaluz sugeriu ao Infante D. Henrique, andava este por Cádiz a banhos, que levasse consigo braçadeiras de couro quando o viu a dirigir-se para o mar.

Pois bem, Passos Coelho pode e deve usar esta oportunidade para desviar as atenções do plano de austeridade, mobilizando os portugueses para a cabal demonstração, às agências de rating e outros que tal, que não somos tão maus como nos pintam. Pois se o corte é inevitável e temos de aprender a viver com ele, mais vale usá-lo em nosso proveito.

Trata-se, no fundo, de mobilização de massas (no duplo sentido do termo), de convencer os portugueses de que não estamos a fazer tudo isto porque o FMI, a Comissão Europeia e o BCE assim o exigem, mas sim para mostrar àqueles larilas das agências de rating that this is no motherfeta Greece.


5 comentários:

Xadão disse...

Lol,apesar de o texto, todo ele, estar muito bom tenho de realçar a seguinte passagem:

"tem uma pujança parecida com a voz de um forcado que entra na arena com um pitbull agarrado à tomateira"

Visualizar a imagem e não se trabalha mais à tarde..

Fred disse...

Bom !

Fred disse...

Bom !

Fred disse...

Bom !

Anónimo disse...

falando nisso, recomendo isto:

http://www.youtube.com/watch?v=N9huATR3Uvc

vale bem a pena.