Foi em 1982, a propósito da intervenção do FMI em Portugal - é mais, muito mais do que isso, o FMI foi só um pretexto para esta obra de arte, e ainda bem - mas podia ter sido hoje. Ou ontem, que não me parece que estes momentos de génio ocorram logo pela manhã, já para não falar das restrições logísticas e...já chega, Rosé.
São momentos de génio que se sucedem a um ritmo frenético, quase tresloucado, proporcionados por José Mário Branco. Começam em tom humorístico, progridem para uma revolta incontrolada e terminam numa catarse à qual é impossível ficar-se alheio. Tudo junto, são 20 minutos marcantes, preocupantemente actuais e reveladores. Já para não falar da interpretação, que é brilhante, sublime, numa alteração de tons constante que muitos almejam mas poucos conseguem.
Libertem-se de estereótipos políticos, preconceitos sociais, e oiçam este vídeo pelo que ele é e vale, que é muito, imenso: um grito de revolta angustiado.
sexta-feira, 26 de novembro de 2010
José Mário Branco - FMI
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quinta-feira, 25 de novembro de 2010
The wonderful world of storytelling for free
E é por isso que insisto - eu diria que é quase ponto de honra - em abordar pessoas que me são completamente estranhas. Por isso, e porque estamos cada vez mais habituados a falar cada vez menos com pessoas de forma desinteressada, ou melhor, sem outro interesse que não seja o prazer de conhecer alguém que, com toda a certeza, carrega consigo algo que o/a torna especial, distinto, único.
Mas o melhor de tudo isto é que essas pessoas, nas mais das vezes, estão dispostas a abdicar dessa enorme riqueza, desse centímetro/milímtero que as torna únicas e a que Kundera se refere, a troco de um simples "olá". No caso do senhor Manuel Monteiro, reformado de 75 anos que conserva o raro e egrégio hábito de utilizar o chapéu como forma de comunicação, "boa tarde" e um estender de braço foi tudo o que bastou para receber, em troca, o seguinte:
- Manuel Monteiro, homem sério e de pouco dinheiro.
"Quanto é que lhe devo?", perguntei-lhe. Olhou-me algo atordoado, não fez caso e seguiu a contar, em traços gerais - ou melhor, a repetir, que já a tinha contado (embora não directamente para nós) - a história da sua vida, as agruras da reforma, a tranquilidade da sua casa com quintal nos arredores de Lisboa, os sobressaltos da venda ambulante em Lisboa, enfim, as peripécias que a sua pacata vida lhe permite.
O tempo corria, e por isso vi-me forçado a atalhar a conversa e a forçar, um pouco a contragosto, o seu final. Contudo, não me fui embora sem antes ouvir o meu primeiro "Bom Natal" deste ano. Da boca do senhor Manuel Monteiro, homem sério e de pouco dinheiro.
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terça-feira, 23 de novembro de 2010
Blease hold the line
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Greve de bom senso
Uma tromba de água, daquelas que façam as cataratas do Niagara parecer mijo de bebé.
Chuva molha parvos, no fundo. Como se prevêm uns quantos na rua, terá de chover em conformidade. Só isso. Pela agricultura do nosso país.
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segunda-feira, 22 de novembro de 2010
Jamie Lidell
E hoje à noite, no Casino Lisboa, grátes, isto:
Temo que passe despercebido, mas ouvir o Multiply em pleno Casino Lisboa será, provavelmente, das ironias mais cool que aquele espaço presenciará em toda a sua história.
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Diz que é o vídeo preferido do Joe Berardo
I would like to dedicate the two most repeated words of this song to Neemias. Speak about unnerving.
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sexta-feira, 19 de novembro de 2010
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Encontramo-nos no caderno?
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quinta-feira, 18 de novembro de 2010
Pessoa esperta
Recentemente, entre a poeira de algumas campanhas políticas, tomou de novo relevo aquele grosseiro hábito de polemista que consiste em levar a mal a uma criatura que ela mude de partido, uma ou mais vezes, ou que se contradiga, frequentemente. A gente inferior que usa opiniões continua a empregar esse argumento como se ele fosse depreciativo. Talvez não seja tarde para estabelecer, sobre tão delicado assunto do trato intelectual, a verdadeira atitude científica.
Se há facto estranho e inexplicável é que uma criatura de inteligência e sensibilidade se mantenha sempre sentado sobre a mesma opinião, sempre coerente consigo próprio. A contínua transformação de tudo dá-se também no nosso corpo, e dá-se no nosso cérebro consequentemente. Como então, senão por doença, cair e reincidir na anormalidade de querer pensar hoje a mesma coisa que se pensou ontem, quando não só o cérebro de hoje já não é o de ontem, mas nem sequer o dia de hoje é o de ontem? Ser coerente é uma doença, um atavismo, talvez; data de antepassados animais em cujo estádio de evolução tal desgraça seria natural.
A coerência, a convicção, a certeza são além disso, demonstrações evidentes — quantas vezes escusadas — de falta de educação. É uma falta de cortesia com os outros ser sempre o mesmo à vista deles; é maçá-los, apoquentá-los com a nossa falta de variedade.
Uma criatura de nervos modernos, de inteligência sem cortinas, de sensibilidade acordada, tem a obrigação cerebral de mudar de opinião e de certeza várias vezes no mesmo dia. Deve ter, não crenças religiosas, opiniões políticas, predileções literárias, mas sensações religiosas, impressões políticas, impulsos de admiração literária.
Certos estados de alma da luz, certas atitudes da paisagem têm, sobretudo quando excessivos, o direito de exigir a quem está diante deles determinadas opiniões políticas, religiosas e artísticas, aqueles que eles insinuem, e que variarão, como é de entender, consoante esse exterior varie. O homem disciplinado e culto faz da sua sensibilidade e da sua inteligência espelhos do ambiente transitório: é republicano de manhã, e monárquico ao crepúsculo; ateu sob um sol descoberto, é católico ultramontano a certas horas de sombra e de silêncio; e não podendo admitir senão Mallarmé àqueles momentos do anoitecer citadino em que desabrocham as luzes, ele deve sentir todo o simbolismo uma invenção de louco quando, ante uma solidão de mar, ele não souber de mais do que da "Odisseia".
Convicções profundas, só as têm as criaturas superficiais. Os que não reparam para as coisas quase que as vêem apenas para não esbarrar com elas, esses são sempre da mesma opinião, são os íntegros e os coerentes. A política e a religião gastam d'essa lenha, e é por isso que ardem tão mal ante a Verdade e a Vida.
Quando é que despertaremos para a justa noção de que política, religião e vida social são apenas graus inferiores e plebeus da estética — a estética dos que ainda a não podem ter? Só quando uma humanidade livre dos preconceitos de sinceridade e coerência tiver acostumado as suas sensações a viverem independentemente, se poderá conseguir qualquer coisa de beleza, elegância e serenidade na vida.
Pessoa espectacular, este.
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segunda-feira, 15 de novembro de 2010
O que diria eu a Jesus...
Se fosse o Rui Costa? Simples: "agora ressuscita, cabrão."
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Feel good music
Xavier Rudd trata-se, para quem não sabe, de um dos melhores clientes da Diapasão e, em geral, vizinho de sonho de qualquer proprietário de um estabelecimento que se dedique ao comércio de instrumentos musicais. Para além disso, ainda se faz acompanhar de um sentido rítmico muito acima da média, uma voz tribal bastante agradável e dois artistas que têm mais groove nas unhas dos pés do que muita gente que por aí anda no corpo inteiro. Por isso vão, nem que seja uma vez. Mas não se esqueçam da fanfa.
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sexta-feira, 12 de novembro de 2010
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segunda-feira, 8 de novembro de 2010
Mi, myself and I
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terça-feira, 2 de novembro de 2010
Stand-up self-motivation comedy
Custou, mas encontrei. Ladies and gentlemen, o nosso Ricky Gervais. Quanto a vocês, não sei, mas eu já defini o meu objectivo guru: ir ver este gajo ao vivo. Faz sentido? Braço no ar (assim na diagonal, como no vídeo) para quem isto fizer sentido, malta.
Publicada por rosé mari às 09:42 2 comentários