segunda-feira, 21 de setembro de 2009

Dirty Dancing

Tive a sorte de estar no ginásio à hora em que o Dirty Dancing estava a ser transmitido na SIC. Digo-me afortunado porque, como imagino que seja do senso comum, as academias de culto do corpo são não raramente frequentadas por indivíduos com especial apetência para atracar de popa.

Ora, o Dirty Dancing a passar num ginásio tem exactamente o mesmo efeito que a Alessandra Ambrósio (ou, verdade seja dita, qualquer mulher que não esteja de touca e a cheirar a courato) a atravessar as roulottes do Estádio da Luz em dia de derby: pára tudo. Halteres a passearem perdidos pelo ginásio e o caraças, como aquelas bolas de arbustos secos em cidades-fantasma do faroeste.

E acho que isto chega para perceber o espectáculo que presenciei ao entrar no ginásio ontem à tarde: meia dúzia de homens - que não deixam de o ser, só porque o Fado decidiu incutir-lhes uma predilecção por abafar a palhinha; já a utilização do H maiúsculo pode levantar alguma dúvida e celeuma entre os mais valentes - a abanar o pé, a anca (aqui usada propositadamente no singular) e uma das mãos, entre suspiros e olhos já lacrimejantes com a pinta de garanhão sentimental do Swayze. Com a minha esguia presença a passar discreta, não se coibíram de começar pouco tempo depois a comentar o efeito que estes filmes por eles apelidados de "sentimentalões" tinham nas suas pessoas: "eu ponho-me logo a chorar que nem uma maria madalena", dizia um; "eu agora dou por mim a chorar com todos os livros que leio", respondeu o outro. "ah, mas este filme é muito sentimental", chutava, com alguma falta de jeito (porque desde o Graeme Le Saux que não há registo de um homossexual bom de bola), um terceiro.

E já no fim, o coup de gras, no fim de uma série de exercícios que suponho que tenha sido extenuante para o aqui visado, que incluíram uma série de grunhidos desprovidos de qualquer virilidade e cuja reprodução neste blog poderia afastar os mais sensíveis: "ai, até me faltou o ar agora, bem que o Swayzi (assim mesmo, com o "i" no fim) podia estar aqui para me dar uma mãozinha.". "Seu maluco", ouviu-se algures do banco do supino.

Quando for o "Ghost: O Espírito do Amor", acho que vou para lá mais cedo.

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